Os programas de fidelidade dos cartões de crédito têm ganhado cada vez mais popularidade. O número de pontos convertidos em recompensas (que podem ser milhas para viagens ou até mesmo produtos como eletrônicos e utensílios domésticos) cresceu 7% em 2018, dado mais recente divulgado pelo Banco Central.

Ao mesmo tempo, o número de pontos expirados (aqueles que as pessoas deixaram de usar e, por isso, perderam a validade) caiu também 7%. Já o número de pontos adquiridos no ano superou 211,9 milhões, uma alta de 3% em relação a 2017.

A partir desses números, pode-se concluir que as pessoas estão usando mais os cartões de crédito e também os programas de fidelidades que eles oferecem. E os dados poderiam ser ainda mais significativos se não fosse a alta do dólar, explica Leonardo Cassol, especialista sobre o assunto do site Melhores Destinos.

“A maioria dos programas de pontos faz a conta em dólar, mesmo que você gaste em reais. Ou seja, quando você gasta o equivalente a US$ 1, você acumula um ou dois pontos. Portanto, se a moeda americana está mais cara, como aconteceu em 2018 e continua acontecendo em 2019, as pessoas precisam gastar mais no cartão de crédito para acumular os mesmos pontos de antes”, explica. No final de 2017, o dólar comercial valia aproximadamente R$ 3,32. Já ao final de 2018, a moeda estava em R$ 3,85.

Segundo o Banco Central, o levantamento passou a considerar novos entrantes em 2018. Mas de acordo com Fabrício Winter, sócio da consultoria Boanerges & Cia (especializada no mercado de cartões de crédito) , essa mudança só aconteceu no quarto trimestre e não foi significativa a ponto de mudar os dados.

Incentivo dos bancos

A percepção Winter, da Boanerges & Cia, é que o interesse das pessoas pelos programas de pontos tem aumentado, principalmente devido à crescente concorrência nesse mercado e o incentivo que os próprios emissores de cartões fazem.

Com a chegada de fintechs como Nubank e Trigg (que têm programas de pontos baseados em “cashback”, nos quais uma porcentagem dos gastos no cartão é “abatida” da fatura seguinte), outros emissores também têm incentivado seus clientes a usar seus programas de pontos.

Foi o que aconteceu com o analista de sistemas Otto Pontes, que usou seu programa de recompensas pela primeira vez neste ano. Ele já era cadastrado no “Esfera”, do Santander, há aproximadamente cinco anos, mas não acompanhava de perto a evolução dos seus pontos. Recentemente, ao receber um “push” (espécie de mensagem de texto) do banco informando que ele poderia escolher algum produto, decidiu trocá-los por um par de fones de ouvido e caixa de som sem fio.

Após usar os pontos pela primeira vez, ele ainda resolveu trocar de cartão de crédito, optando por um modelo com um programa de recompensas mais vantajoso. A intenção agora é conseguir pontos o suficiente para trocar pelas famosas “milhas” em viagens de avião.

Segundo o próprio Santander informou em nota, “nos últimos anos a instituição aumentou significativamente o investimento na divulgação de opções de troca de pontos para os clientes” e passou a fazer disparos de e-mails marketing e mensagens via SMS e redes sociais com mais frequência. O banco ainda informou que trabalha com inteligência de dados para oferecer ofertas relevantes de acordo com o saldo de pontos, geolocalização, perfil de consumo, etc.

O estudante de letras Marcel Prestes também usou o programa de pontos do seu cartão de crédito pela primeira vez neste ano incentivado pelo emissor. Cliente do Nubank há cerca de um ano, ele recebeu há três meses uma proposta da fintech para usar o programa “Rewards” gratuitamente durante um mês. “Me interessei por poder abater da fatura compras como corridas do Uber. Já abati várias vezes. Por enquanto está sendo vantajoso”, afirma.

No caso do programa do Nubank, os pontos acumulados pelo usuário servem para “apagar” (leia-se anular o valor da compra) determinadas compras específicas do cartão de crédito.

Quando um programa de pontos vale a pena?

Uma das formas de se saber se um programa de fidelidade vale a pena é verificar se o valor dos itens ou passagens que o cliente consegue comprar com os pontos trocados é inferior ao pago de anuidade.

Para isso, o cliente precisa calcular quanto ele paga para ter aquele cartão, seja em anuidade ou na tarifa de adesão daquele programa de pontos.

Depois, é preciso saber como funciona o seu programa de pontos. Ou seja, quanto ele precisa gastar para conseguir um ponto. Então, deve-se calcular quanto se gasta por mês e quantos pontos aquele montante rende.

Por fim, é preciso verificar o valor do item ou passagem aérea que o cliente pode trocar com seus pontos. Se esse valor superar o que você paga em anuidade, significa que seu programa de pontos é vantajoso.

(Por Valor Investe – Nathália Larghi)

varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM, Programa de Pontos, Cartão de Crédito