Empresas dos mais variados setores, inclusive do varejo, estão oferecendo contas digitais para seus clientes. Riachuelo, Natura, Cacau Show e Yellow vem apostando na tendência, assim como a Via Varejo, empresa dona das Casas Bahia e do Pontofrio, que lançou a conta digital banQi.

O objetivo desta ação é atrair as classes C, D e E para instituições financeiras, reduzindo o número de desbancarizados. As empresas também poderão estabelecer uma relação direta com os quatro milhões de clientes que usam os cartões das lojas, feitos junto a bancos tradicionais.

Outra que vem investindo nisso é a B2W, dona das Americanas, Shoptime e Submarino, que lançou a própria conta digital em 2018. O serviço funciona por meio de um app, que já foi baixado por dois milhões de clientes, com opções para a realização de transferências, pagamentos e depósitos. Embora não possa oferecer empréstimos, a empresa faz a intermediação entre seus clientes e instituições financeiras que oferecem empréstimos, sob o pagamento de uma taxa.

A diferença entre contas digitais e bancos é que os bancos precisam participar do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que protege o cliente em caso de falência da instituição, com limite de valor. Além disso, é preciso existir um CPF vinculado à conta, a fim de que todos os serviços disponibilizados, como transferências, sejam assegurados.

Já as contas de pagamento fazem a intermediação entre dinheiro e cliente, não são autorizadas a fazer câmbio, nem usar o dinheiro investido para crédito. Os investimentos dos clientes precisam ser integralmente depositados no Banco Central ou possuir lastro em títulos públicos. “As carteiras digitais tendem a se segmentar cada vez mais, oferecer serviços específicos para nichos, mas aqueles que entrarem no mercado para ser apenas carteiras digitais vão se perder pelo caminho porque já existem empresas consolidadas”, disse Bruno Diniz, professor do curso de fintechs da Fundação Getulio Vargas.

Até mesmo a rede social Facebook, em parceria com Spotify, eBay, Mercado Pago, PayPal, Uber, Visa e Mastercard criou a carteira digital Calibra. O sistema funcionará como uma conta digital, com transações por meio de WhatsApp e Messenger, utilizando a moeda própria, chamada libra.

A tendência gera preocupação nos bancos, que já oferecem contas digitais e continuam perdendo espaço. De 2014 a 2018, o número de clientes dos cinco maiores bancos do país caiu de 72,3% para 64,5%. Para acompanhar estas mudanças, as instituições tradicionais precisam inovar.

Os bancos centrais dos Estados Unidos e europeus se opuseram, mas o sucesso da empreitada deve ser grande. No Brasil, 130 milhões de pessoas usam a rede social. No entanto, as carteiras digitais mais simples têm se popularizado no país, graças à praticidade que oferecem para a realização de pagamentos e compras sem precisar de agências bancárias.

(Por Mercado&Consumo)

varejo, retail lab, núcleo de varejo, ESPM, digital