A rede de supermercado Dia formalizou um acordo com seus credores que liberou crédito líquido de €771 milhões (cerca de R$ 3.3 bilhões), que poderá ser utilizado nos próximos quatro anos para garantir a continuação do negócio e o seu reposicionamento para ser competitivo a longo prazo, segundo comunicado da própria empresa.

O fundo Letterone, com controle acionário firmado recentemente, já injetou €500 milhões (aproximadamente R$ 2.1 bilhões) com disponibilidade imediata. Além disso, o Dia confirmou que acordou com os bancos credores uma injeção adicional de  €271 milhões , que pode ser estendido a mais €100 milhões através de aumento de capital.

Com esse capital, a equipe de direção – liderada por Karl-Heinz Holland -, está trabalhando na reestruturação do negócio para assegurar sua competitividade no futuro. “Agora temos a capacidade para lidar com os desafios que tempos pela frente e construir uma grande marca do setor da distribuição. É meu objetivo atuar de forma efetiva em benefício dos nossos clientes, colaboradores, franqueados e fornecedores”, afirma Holland, no site português ‘Negócios’.

A estrutura do financiamento será:  €600 milhões dos acionistas, através de um aumento de capital, dos quais  €500 milhões serão assegurados pela Letterone;  €200 milhões através de um empréstimo da Letterone e  €71 milhões dos credores atuais – que são Santander, BBVA, Barclays, Caixa Bank, Deutsche Bank, ING, Postbank, SocGen, Mitsubishi, Bankia e BNP Paribas.

“A combinação das melhores práticas de governo corporativo, uma estrutura de capital viável acordada com os credores e a criação de uma equipe de gestão de reconhecido prestígio proporciona ao Dia um claro caminho para recuperar a sua posição como uma empresa de distribuição líder em Espanha, Brasil, Portugal e Argentina”, conclui o “chairman”, Stephan DuCharme.

A situação da rede Dia

O modelo de baixo custo do Dia vem perdendo participação para a concorrência, o que desencadeou um processo de reestruturação da rede, migrando do modelo de franquia para o de lojas próprias – em um período de 12 meses, até março deste ano, a rede fechou 113 lojas e reabriu 60.

No entanto, a dívida da empresa também aumentou exponencialmente em 2018, de €955 milhões no ano anterior para €1,452 bilhão, crescimento de 53,65%. De acordo com informações do Valor Econômico, a justificativa para tal foi a deterioração do capital de giro. Nesse cenário, a rede também anunciou a demissão coletiva de 2,1 mil funcionários na Espanha e na subsidiária Twins Alimentación, após registrar perdas de €352 milhões, e entrar em falência técnica.

Além disso, no final de maio foi anunciada a interrupção do e-commerce no Brasil, após demissão de executivos. O que agrava a situação da companhia no país após identificação de possível fraude contável tanto no mercado brasileiro quanto espanhol.

(Por SuperVarejo)

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