Representantes do Carrefour sondaram o comando do Casino a respeito da hipótese de fundir as empresas, apurou o Valor. O contato foi feito por banqueiros emissários do Goldman Sachs na França com o presidente do Casino, Jean-Charles Naouri, há duas semanas, como antecipou ontem o Valor Pro, serviço de informações em tempo real do Valor.

A reação foi negativa – a resposta foi de que a empresa, controladora do Grupo Pão de Açúcar no Brasil, não vê méritos na operação e, por conta disso, não há espaço para uma negociação.

Procurado na noite de ontem, o Carrefour informou que não poderia se manifestar porque não localizou porta-voz. O Casino também não se manifestou. O Carrefour Brasil tem marcada para hoje uma teleconferência com analistas sobre os resultados do quarto trimestre do ano passado, previstos para serem divulgados na noite de ontem. Os números globais do grupo também serão apresentados na França hoje, após o fechamento do mercado local. Como ocorre nesses períodos, sócios da empresa estiveram em reuniões na sede da companhia francesa.

O Valor apurou que Alexandre Bompard, presidente do Carrefour no mundo, e Abilio Diniz, sócio do grupo francês por meio de sua empresa, a Península Participações, teriam tido conversas sobre um projeto nesse sentido que envolveria não apenas o Brasil, mas as operações globais. Bompard é CEO do Carrefour há cinco meses, e foi eleito para avançar num plano de transformação da companhia. Procurada, a Península Participações preferiu não comentar o assunto.

Em 2011, Abilio era presidente do conselho de administração do GPA e o Casino era sócio da companhia brasileira, e o empresário brasileiro defendeu um plano de união dos ativos do Carrefour e do GPA, mas após forte reação contrária por parte do Casino, o projeto foi abortado. O Casino criticou duramente, na época, o movimento de Abilio em torno do plano de fusão das varejistas no país.

Por meio de diferentes holdings, Naouri tem controle do capital votante do Casino e de suas subsidiárias. Abilio e Naouri chegaram a se encontrar num jantar de aproximação, no fim de 2016, após o profundo desgaste gerado na relação entre eles. As partes negaram naquele momento se tratar de um jantar de negócios.

Essas informações circulam no mercado num momento difícil para Abilio Diniz, um dos sócios do Carrefour e acionista da BRF, que tem sido pressionado para deixar o conselho da BRF após a companhia registrar o maior prejuízo anual de sua história.

Resultados do 4º trimestre
O Grupo Carrefour Brasil teve lucro líquido atribuível aos sócios controladores de R$ 596 milhões no quarto trimestre de 2017, um aumento de 11,1% sobre o lucro de R$ 536 milhões em igual período de 2016. As informações foram enviadas na noite desta terça-feira à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

No ano de 2017 como um todo, o lucro líquido do grupo somou R$ 1,599 bilhão, crescimento de 36,2% sobre o ganho de R$ 1,174 bilhão em 2016.
A receita líquida no 4º trimestre de 2017 foi de R$ 13,717 bilhões, um aumento de 4,2% sobre a receita de R$ 13,165 bilhões no último trimestre de 2016. No ano de 2017, a receita líquida cresceu 5,8% sobre o ano anterior, para R$ 50,280 bilhões.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizãção) ajustado ficou em R$ 1,118 bilhão no trimestre final de 2017, com margem Ebitda de 8,6%. NO último trimestre de 2016, o Ebitda ajustado foi 2,8% menor (R$ 1,088 bilhão) e a margem, de 8,7%. No ano de 2017, o Ebitdaajustado ficou em R$ 3,516 bilhões (alta de 4,7% sobre 2016), com margem de 7,4% (de 7,5% em 2016).

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM, Carrefour, Casino