Há 16 anos no Brasil, o Sam’s Club, clube de compras do Walmart, soma 25 pontos no país, com ritmo de inauguração que chegou a, no máximo, três unidades ao ano. É um formato que cresce na base do boca a boca. Ao se pagar uma anuidade de R$ 45, o associado do Sam’s pode comprar alguns produtos importados que o atacado não vende e mercadorias em grande quantidade com preços, em média, 15% menores do que no supermercado. O foco são famílias das classes A e B e pequenos comerciantes que encontram marcas como calças da Zoomp por R$ 99 e jogo de lençóis 300 fios a R$ 85.

Na tentativa de intensificar o crescimento da rede no Brasil

o grupo Walmart definiu um plano mais agressivo para a cadeia, diz Marcos Ambrosano, vice-presidente e responsável pelo Sam’s no país. A meta é chegar a 50 unidades em cinco anos – com isso, o volume de novas lojas deve passar de duas ao ano, em média, para cinco. O investimento médio por loja vai de R$ 20 milhões a R$ 35 milhões.

Até dezembro, lojas serão abertas em Porto Alegre (RS) e São Bernardo do Campo (SP). Em 2010, unidades foram criadas em Brasília e Ribeirão Preto. Cidades próximas às principais capitais e municípios mais populosos no Nordeste estão no radar.

No mundo, o Sam’s Club cresce muito mais rapidamente que o Walmart, com alta no lucro operacional de 11% de janeiro a julho. Nos hipermercados do Walmart nos EUA (com modelo de operação mais maduro) a expansão foi de 1,5%. Em relação às vendas, o Sam’s mundial cresce 9,4% e os hipermercados nos EUA, 0,5%.

Alguns indicadores abrem espaço para a companhia manter investimentos na bandeira Sam’s no Brasil. A taxa de expansão do Sam’s no país neste ano está cerca de 50% acima da expansão do braço de varejo do Walmart, apurou o Valor. “O fato é que a aposta do Walmart no Sam’s do Brasil é a longo prazo e precisa acontecer respeitando o formato da operação, que não cabe em todo o mercado e em qualquer lugar”, diz Manoel de Araújo, sócio da consultoria Martinez de Araújo.

“Não dá para ter uma loja dessa numa cidade com menos de 500 mil habitantes. Eles não terão tráfego de clientes em um volume justificável. Nessas cidades médias, eles podem entrar com o Maxxi, mas não com o Sam’s”, conta um ex-executivo da rede. O Maxxi Atacado, focado nas classes populares, chegará ao final de ano no Brasil com 57 lojas – sete serão abertas em 2011.

Araújo entende que esse é um crescimento que precisa ser analisado levando em conta os projetos prioritários para o grupo no Brasil. A empresa passa por um profundo ajuste do modelo comercial do Walmart Supercenters no Brasil e isso tem tomado mais tempo do que a empresa previa, admitiu ontem o comando. A empresa opera nove bandeiras no Brasil.

O comando do grupo Walmart já definiu que os supermercados TodoDia e o Maxxi Atacado vão liderar o plano de abertura de lojas no Brasil a curto prazo – algo que já vem acontecendo nos últimos anos. São bandeiras com forte atuação nas classes C e D, que têm puxado a expansão do grupo no país. “Temos planos para o Sam’s mais agressivos no Brasil, mas não temos pressa”, diz Ambrosano. “Nós temos um formato de loja com raio de atuação de 150 quilômetros, quase o dobro dos 80 quilômetros do Maxxi. Precisamos estar nos locais certos”, afirmou ele.

Algumas mudanças foram implementadas nos últimos anos. O Sam’s do Brasil negocia com fornecedores na China ao lado dos Sam’s do México, Porto Rico e EUA. Também foi ampliado o volume de marcas importadas exclusivas nas lojas brasileiras.

Por Adriana Mattos | De São Paulo

Valor Econômico