Durante o verão carioca, a orla da cidade ganha nova vida no fim da tarde. Milhares de banhistas aproveitam as horas extras de sol para estender sua estadia à beira-mar, movimentando bares, restaurantes e quiosques das regiões e estendendo suas saídas para outros estabelecimentos da região. Mas esse hábito, que já se tornou um clássico na cidade, pode estar com os dias contados, caso o Governo Federal decida, de fato, acabar com o horário de verão.

O governo informou que um grupo, criado na Casa Civil, vai deliberar se a medida deve ou não continuar para o próximo verão, citando pouco impacto na redução energética, o motivo original para implantação do horário especial. Enquanto a decisão, que deve sair nas próximas semanas, não é divulgada, comerciantes ficam apreensivos com a mudança, que pode acabar afastando potenciais clientes em busca de comércio na estação.

— Com o horário de verão, o happy hour acaba se estendendo, e as pessoas aproveitam mais do que no inverno, quando às 18 horas elas saem do trabalho para casa. Para o carioca, é muito bacana e para o nosso setor também — explica Roberto Maciel, presidente da seção carioca da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). — A vida noturna está muito ruim no Rio, parece que às 23h há um toque de recolher. Com o verão, as pessoas ficam até meia noite, uma da manhã, aumentando as horas de faturamento.

Para ele, os faturamentos no comércio são notavelmente maiores no verão do que no inverno, justamente graças à hora extra de sol. A mudança acabaria incentivando as pessoas a saírem de casa, tanto para jantar e socializar quanto para passear pela cidade.

A Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomercio) corrobora essa opinião. Em comunicado, a federação destacou que o horário incentiva a geração de empregos e a arrecadação de impostos, o que fortaleceria as micro e pequenas empresas.

“É fato que o horário de verão foi criado unicamente como uma iniciativa para gerar economia de energia. Mas há também uma discussão social/cultural, um estímulo em especial à utilização de espaços ao ar livre, com consequente estímulo ao comércio de rua”.

O horário de verão, que muda em uma hora os relógios entre outubro e fevereiro, não acontece em todos os estados brasileiros e é adotado anualmente no Rio de Janeiro desde 1985.

(Por Varejista) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM