O anúncio de que a Amazon vai assumir o controle da Whole Foods Market estremeceu muitos outros grupos varejistas, mas a maneira como o negócio foi feito deu esperança a esses varejistas. A esperança de que eles possam ser os próximos. Banqueiros informam uma alta dos pedidos de seus clientes de varejo para que sondem a Amazon para descobrir se ela não estaria interessada em comprá-los também.

Ao mesmo tempo, investidores, analistas e empresas de consultoria se envolveram num elaborado jogo de adivinhação sobre quais alvos podem estar no radar de Jeff Bezos, o executivo-chefe da Amazon, agora que o rei do comércio nos Estados Unidos demonstrou interesse em comprar lojas físicas.As consultas a banqueiros especializados em fusões e aquisições cresceram neste terceiro trimestre, segundo mais de cinco consultores contatados por clientes. Essas sondagens têm vindo de redes de supermercados e lojas de conveniência, segundo os banqueiros.

“Tudo é Amazon hoje”, diz um banqueiro de Nova York, especialista em consumo e varejo, que pediu para ficar no anonimato. Embora não convencional, a ideia de estender a mão para um único comprador em potencial se mostrou uma boa estratégia para a Whole Foods.

Os executivos da empresa, pressionados por investidores ativistas, procuraram a Amazon após tomarem conhecimento de uma reportagem sugerindo que o grupo varejista online havia considerado a possibilidade de comprar sua companhia. John Mackey, executivo-chefe da Whole Foods, descreveu os meses que levaram à oferta de US$ 13,7 bilhões da Amazon como “um romance vertiginoso”.

“Todas essas companhias varejistas desesperadas acham que seus problemas serão resolvidos por Bezos… todas elas estão rezando por uma nova era do varejo capitaneada pela Amazon… na qual elas serão membros do clube de Bezos”, afirma outro banqueiro. A Amazon não quis comentar.

Antes da Whole Foods, as apostas financeiras da Amazon eram menores. A gigante do comércio eletrônico de Seattle fez cerca de 130 aquisições ou investimentos desde sua estreia em 1995, numa variedade de setores que vão de livros e música à computação na nuvem. Sua maior aquisição até este ano havia sido a da Twich – site em que milhões de visitantes regulares observam outras pessoas jogando videogames e que ela comprou por US$ 970 milhões em 2014.

Analistas também especulam sobre quais empresas poderão ser os próximos alvos de Bezos. Aaron Turner, analista da Wedbush Securities, diz que a companhia deverá comprar a GrubHub, a startup americana de entrega em domicílio de alimentos que vem crescendo rapidamente, para se estabelecer ainda mais no setor de alimentos e criar “uma força dominante na área de restaurantes delivery”.

“Isso não é iminente”, alerta ele. “Mas a Amazon está focada nos alimentos, especialmente os perecíveis.” Turner diz que a Amazon poderá comprar a GrubHub por cerca de US$ 4,5 bilhões, obtendo uma rede de 50 mil restaurantes e quase 9 milhões de clientes ativos.

Outros analistas vêm sugerindo que grandes grupos varejistas como a Bed Bath & Beyond e a Target poderiam ajudar a Amazon a construir uma rede física de lojas. E grupos de produtos mais sofisticados e especiais, como a Nordstrom, Warby Parker e Lowe’s também seriam boas opções, segundo afirma Jeff Glueck, da Foursquare, um aplicativo de localização. “A Amazon está em seu próprio caminho do crescimento e não vai ficar comprando [empresas] só por comprar”, diz um banqueiro que trabalha no setor de varejo.

(Por Valor Econômico) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM