O paranaense Wellington Moscon, de 33 anos, não tem medo de correr riscos. Formado em Tecnologia da Informação e autônomo desde os 18 anos, ele afirma que nunca teve emprego com carteira assinada. Mas faltava alguma coisa. “De uns anos para cá me deu vontade de ter meu próprio negócio”, conta Moscon. “Sempre vi um potencial gigante na área de realidade aumentada.”

O sonho demorou algum tempo para virar realidade, mas em outubro do ano passado ele se juntou a outros três sócios – incluindo sua mulher -, para criar uma plataforma de realidade aumentada e resolver problemas de manutenção de máquinas no chão de fábrica, um dos fatores que prejudicam a produtividade das indústrias.

O projeto deu origem à GoEpik, uma das poucas startups a explorar esse mercado no Brasil até agora. Em pouco mais de seis meses de vida, a empresa já tem uma lista de grandes clientes, que incluem Natura, Renault, Bosch e Porto Seguro.

Desde fevereiro, a GoEpik faz parte do conjunto de empresas que estão no programa da Oxigênio, a aceleradora de startups da Porto Seguro, em São Paulo. No total, a empresa tem 14 funcionários, que se dividem entre Curitiba e a capital paulista.

Foi na aceleradora que a empresa recebeu seu primeiro investimento de US$ 50 mil, feito pela Porto Seguro em parceria com a Plug and Play Tech Center, uma das principais aceleradoras do Vale do Silício. Cada uma das empresas têm 5% de participação na GoEpik. Depois disso, a startup recebeu também capital – de valor não revelado – de investidores-anjo.

Em abril deste ano, a GoEpik também ganhou o título de startup mais atraente do ano para empresas, de acordo com o ranking do movimento 100 Open Startups. O ranking é elaborado a partir de 4 mil avaliações feitas por uma rede de aceleradoras, investidores e grandes empresas brasileiras com base em uma lista de 2,8 mil startups inscritas no programa.

Colaboração

Por ser uma tecnologia nova, que ainda está em fase inicial em indústrias de todo o mundo, a GoEpik depende fortemente da colaboração dos clientes. “Fazemos muitas reuniões com o pessoal da startup para discutir como a tecnologia pode ser aprimorada”, conta Cesar Santana, coordenador de manutenção da Natura. “Essas melhorias também beneficiam os outros clientes deles, de outros segmentos.”

Segundo Moscon, a empresa tenta se diferenciar ao “errar rápido”, usando metodologias ágeis. Comprovar resultados, porém, costuma demorar algum tempo – na Natura, por exemplo, ainda não há números que comprovem o benefício da plataforma da startup.

“Além do custo mensal de manutenção da plataforma”, diz Moscon, “nossa receita vem de um porcentual sobre a redução de custos que as empresas conseguem.” Em seis meses de operação, a GoEpik diz ter faturado R$ 200 mil. O plano, segundo Moscon, é fechar 2017 com receita superior a R$ 1 milhão.

(Por Exame – Claudia Tozetto) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM