A americana Cargill, gigante do agronegócio mundial, aposta que você nem sempre precisará de um boi para comer hambúrguer. O grupo acaba de realizar um investimento na Memphis Meats, uma startup badalada da Califórnia por criar carne dentro de um laboratório a partir da autoreprodução de células animais.

O aporte marca o primeiro investimento de uma empresa de carnes tradicional no nascente setor da “carne limpa”, onde startups criam produtos que dizem ser melhor para o meio-ambiente na comparação com o boi e seus impactos. O valor do aporte não foi divulgado.

As empresas de carnes estão sob pressão do consumidor para reduzir o uso de medicamentos que ameaçam a resistência a eles em humanos. Algumas investiram em fábricas de hambúrgueres e iscas de frango, na expectativa de ganhar mercado tanto no segmento de vegetarianos quando no de carnívoros conscientes com o alto uso de insumos e água utilizados no processo de produção.

A Memphis e outras startups americanas e europeias trabalham em outra rota para aplacar essas inquietações da sociedade: elas utilizam tecnologias de cultura de células do tecido animal. “É uma outra forma de criar carne”, afirma Sonya Roberts, uma diretora da divisão de carnes da Cargill. “Para pessoas que querem produzir sob uma perspectiva de bem-estar animal, queremos que isto seja para elas”.

A Memphis disse que o investimento da Cargill faz parte de um fundo de US$ 17 milhões que também inclui aporte de Bill Gates, Richard Branson e das empresas de venture capital Draper Fisher Jurvetson e Atomico.

Segundo Uma Valeti, CEO da companhia fundada em 2015,  a Memphis pode agora produzir carne em laboratório por menos de US$ 2,4 mil a libra, ante US$ 18 mil estimados no ano passado. O U.S. FDA (Food and Drug Administration) e o Departamento de Agricultura dos EUA ainda precisam determinar se o processo é seguro antes de considerar o produto como carne. Portanto, a cultura de célula animal ainda levará algum tempo até chegar ao seu jantar.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM