No primeiro resultado após vir a público a delação do empresário Joesley Batista, a JBS anunciou uma queda de 80% no lucro líquido no segundo trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 309,8 milhões. No dia 17 de maio, vazou a informação de que Joesley admitia prática de corrupção e pagamento de propina a políticos. O caso gerou denúncia contra o presidente Michel Temer e provocou uma crise de imagem na empresa – suas ações caíram e ativos tiveram de ser vendidos.

A receita líquida da JBS ficou em R$ 41,7 bilhões no período, quase 5% inferior ao registrado no mesmo trimestre do ano passado. Conforme a companhia anunciou na semana passada, por causa da apuração em andamento devido ao acordo de leniência firmado com o Ministério Público, ela divulgaria o resultado sem o relatório de revisão do auditor independente. De acordo com a empresa, a situação será regularizada após a homologação do acordo e o levantamento do sigilo.

Em junho, a empresa anunciou um acordo de leniência de R$ 10,3 bilhões firmado com o Ministério Público. Os escândalos de corrupção impactaram os negócios da empresa, mas ainda não é possível medir com precisão o tamanho do estrago. Quando a delação veio à tona, o trimestre já passava da metade, ou seja, ela já tinha boa parte dos estoques e contratos definidos para o período. Mas precisou adaptar-se à nova realidade: a JBS mudou seu modelo de comercialização na compra de gado, restringindo os pagamentos à vista aos produtores.

Os resultados mostram queda de 7,5% no custo dos produtos vendidos. Em sua divulgação de resultados nesta segunda (14/8), a empresa ressalta mudanças na presidência do conselho, além de avanços em um programa de compliance. Em maio, os irmãos Joesley e Wesley Batista renunciaram aos postos de presidente e vice do conselho da JBS, após formalização de acordos de delação premiada.

A JBS também destaca o anúncio do plano de desinvestimentos, que deve gerar entrada de caixa de R$ 6 bilhões, segundo a empresa. Os ativos incluem a participação de 19,4% na Vigor, Moy Park e Five Rivers.

O desempenho do trimestre embute também os reflexos sentidos pelo setor como um todo após a deflagração da operação Carne Fraca pela Polícia Federal, em 17 de março, que influenciaram nos preços internos e também no volume exportado, com o fechamento de alguns mercados externos.

A crise da pecuária acentuou um processo de perda de renda no setor que teve inicio no ano passado. O valor bruto da produção da pecuária deve recuar cerca de 6% neste ano em relação a 2016, atingindo o menor patamar em cinco anos, segundo dados do Ministério da Agricultura que incluem os segmentos bovino, suíno, frango, leite e ovos.

Também nesta segunda-feira, a Marfrig anunciou prejuízo líquido das operações continuadas de R$ 156,9 milhões, ante resultado também negativo de R$ 200,5 milhões em igual período de 2016.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM