Seis fabricantes de azeite foram interditados nos últimos meses pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo após distribuírem a grandes redes de supermercado produto falsificado ou impróprio para o consumo.

Localizadas na Grande São Paulo e no litoral sul do Estado, as fábricas comercializaram óleo de soja ou óleo misto como se fosse azeite de oliva virgem ou extra virgem, segundo a secretaria.

O órgão vai realizar uma operação nesta terça-feira (25) em varejistas como Makro, Assaí, Pão de Açúcar, Extra, Atacadão e Carrefour para recolher amostras dos produtos, além de analisar outros nove fabricantes.

A operação teve início depois que a Vigilância Sanitária recebeu denúncias de fraude na indústria de alimentos Olivenza, localizada em Mongaguá, que produz marcas como Torre de Quintela, Malaguenza, Estrela da Beira e outras.

Além da fraude, a vigilância sanitária concluiu que a empresa não cumpria requisitos de boas práticas de fabricação de alimentos. O caso da Olivenza desencadeou inspeções e interdições em outras fábricas: Natural Óleos Vegetais e Alimentos, em Cajamar, Olima Indústria de Alimentos, em Itaquaquecetuba, Paladar e La Famiglia, ambas de Santana do Parnaíba, e Super Via Distribuidora.

De acordo com a secretaria, os estabelecimentos importavam azeite de oliva virgem do tipo lampante, uma categoria que é imprópria para consumo, mas não havia nenhuma evidência de que realizavam o refino antes da utilização, como determina a lei.

Para se adequarem e serem desinterditadas, três fábricas –Olivenza, Natural e Olima– se comprometeram a não usar mais a palavra “azeite” nos rótulos e sim “óleo composto”. Mas os lotes fabricados antes da adaptação não poderão ser comercializados.

Mais nove fabricantes de azeite no Estado de São Paulo ainda serão vistoriados pela vigilância.

VAREJO

Procurado, O Walmart Brasil afirmou que só vende óleo misto da Olivenza, “claramente especificado na embalagem do produto, em todas as bandeiras da rede (Walmart, Big, Bompreço, Hiper Bompreço, TodoDia, Nacional e Mercadorama)”.

O Grupo Pão de Açúcar informa que a rede Assaí já retirou os azeites da Olivenza de suas lojas e que as redes Extra e Pão de Açúcar não comercializam azeites da marca.

O Carrefour respondeu que a rede informa que não comercializa produtos dos fabricantes citados, “mas reitera seu compromisso em atender as orientações dos órgãos responsáveis”.

O Makro afirma que o produto foi retirado das lojas e a venda está suspensa até que a correção de classificação nos rótulos seja providenciada por seu fabricante. “O Makro esclarece ainda que não mantém relação comercial de exclusividade com o fabricante e, portanto, continua oferecendo opções diversificadas para seus clientes.”

FABRICANTES

Procurada, a Olivenza afirmou que, após a fiscalização, já realizou os “esclarecimentos pertinentes sobre toda a sua linha de produtos” e que “é a primeira empresa no mercado brasileiro a estar fabricando seus produtos em conformidade com a legislação”.

O advogado da Paladar Alimentos, Marcos Ragazzi, disse que a empresa nega ter distribuído óleo de soja como sendo azeite, ou ter usado azeite lampante.

Disse que a empresa foi interditada por “falhas mínimas”. “Mistura de óleo com azeite, [houve] sim. Isso é permitido pela legislação”, afirmou ele. “Nunca houve fraude. Eventuais falhas na adoção de boas práticas, além de sanáveis, não influenciam na qualidade do produto final”, afirmou o advogado.

A Natural Alimentos afirmou que “desde fevereiro não comercializa o azeite de oliva extra virgem, virgem e tipo único Lisboa”. Em nota, a empresa informa que a decisão foi tomada “por distorções de qualidade nos produtos importados, e desde então, a empresa só fabrica óleo misto”.

A empresa diz já ter passado por adequações nas documentações e ter recebido orientações do órgão regulador no fim de maio.

A Natural Alimentos diz também ser “a única empresa brasileira liberada a fabricar e comercializar óleos mistos ou óleos compostos entre todas as empresas desde 28 de junho”.

A Folha deixou recado para os representantes da Super Via Distribuidora, mas até o fechamento desta edição não houve resposta.

A reportagem não conseguiu contato com os representantes da Olima Indústria de Alimentos e La Famiglia Alimentos. Os telefones disponíveis das empresas não atenderam ou os números fornecidos não existiam.

(Por Folha de S.Paulo – ROGERIO PAGNAN – JOANA CUNHA) varejo, núcleo de varejo, retial lab, ESPM