Um desafio recorrente para o bitcoin e outras moedas criptografadas é conseguir que funcionem no mundo real. Uma startup com sede em Cingapura diz que a resposta é o cartão Visa.

A TenX está anunciando seu cartão de débito como um conversor instantâneo de diversas moedas digitais em dinheiro fiduciário: os dólares, ienes e euros que movimentam a maior parte do comércio cotidiano. A empresa afirmou que recolhe 2 por cento de cada transação e que recebeu pedidos para mais de 10.000 cartões. Embora as transações sejam limitadas a US$ 2.000 por ano, os usuários podem pedir a ampliação do limite se forem submetidos a procedimentos de verificação de identidade.

A tentativa da TenX de tornar as moedas digitais mais fáceis de usar surge em meio a uma enorme volatilidade e a lutas internas na comunidade de moedas criptografadas. O bitcoin, a mais popular delas, despencou após atingir um recorde em junho em meio à preocupação de que se dividiria em duas moedas, mas se recuperou quando o medo diminuiu. A empresa construiu um aplicativo que funciona como uma carteira digital conectada ao cartão Visa, de modo que, quando o cartão é usado em um café ou restaurante, o comerciante é pago em moeda local e o montante é debitado da conta criptografada do usuário.

“Estamos misturando dois mundos que são como a noite e o dia”, disse o cofundador Julian Hosp, em entrevista. “Quando o usuário gasta a moeda criptografada, temos que trocar instantaneamente essas moedas por dinheiro e pagar diretamente à Visa. São muitos caminhos.”

Hosp disse que as transações são processadas imediatamente e que não é aplicado nenhum encargo além da taxa de conversão definida pelas bolsas de moedas criptografadas, normalmente de 0,15 por cento a 0,2 por cento. O cartão atualmente suporta oito moedas digitais, incluindo as menos conhecidas dash e augur, e pretende oferecer 11 delas até o fim do ano.

Atualmente, a TenX processa cerca de US$ 100.000 em transações por mês. A empresa mira até o fim de 2018 a concretização de US$ 100 milhões em transações mensais e um milhão de usuários.

A TenX tem uma vantagem por ser pioneira, mas futuramente deverá enfrentar a concorrência das principais instituições financeiras e de capitalistas de risco com bolsos mais profundos e acesso direto a clientes e bancos de dados, disse Mati Greenspan, analista em Tel Aviv, Israel, da plataforma de negociação social eToro.

“É um conceito incrível”, disse Greenspan. “No fim, vai depender muito das relações com os clientes. Eles estão atendendo as expectativas dos clientes? Alguém mais pode fazer melhor?”

Os esforços da TenX para possibilitar a utilização das moedas digitais surgem depois que ela se juntou às muitas startups baseadas em blockchain que estão tirando vantagem das ofertas iniciais de moedas (ICOs, na sigla em inglês). As ICOs são um cruzamento entre crowdfunding e oferta pública inicial que as firmas utilizam para captar recursos por meio da emissão de tokens digitais em vez de ações.

Em sua venda de tokens, no mês passado, a TenX levantou US$ 80 milhões. Cerca de metade desse montante será utilizada para expandir as operações e o restante para oferecer liquidez para uma bolsa de moedas criptografada que está em desenvolvimento, disse Hosp.

(Por Uol) varejo, núcleo de varejo, retail lab, EPSM