O bairro do Butantã, em São Paulo, possui há alguns meses uma nova proposta de cultura, gastronomia e estilo de vida. Inspirado em exemplos internacionais, o empreendimento Vila Butantan diz ter como objetivo “humanizar a cidade” e oferecer opções de lazer que vão além dos tradicionais shopping centers.

O projeto é capitaneado por duas figuras de peso: Luiz Galvão, ex-diretor do banco Bradesco, e Octavio Horta, que participou de redes gastronômicas como Ritz, América e Spot.

Oito meses após seu lançamento, a Vila Butantan já conta com mais de 60 estabelecimentos, entre food trucks e lojas, e recebe uma média de 50 mil visitantes por mês, a um ticket médio que vai de 30 a 50 reais. O empreendimento não cita números de faturamento, mas pretende duplicar seu número de visitantes até o fim deste ano.

Motivação

Horta possui um grande histórico na área de empreendimentos de alimentação: ele está no ramo há 35 anos e foi sócio de diversos restaurantes. Há 10 anos, atua como consultor – e observou uma tendência que poderia originar um complexo não só gastronômico, mas também cultural e de estilo de vida.

“Estamos vendo um movimento quase mundial de ressignificação urbana. Há uma renovação dos locais da cidade, e isso precisa mesmo acontecer”, afirma.

“Antes, você ia para subúrbios buscando uma melhor qualidade de vida. Porém, foi um modelo que acabou não dando muito certo, por conta do grande tempo de deslocamento. Os jovens de hoje querem permanecer em São Paulo, mas procuram opções de lazer que não sejam só shopping: as cidades são a opção de vida de quase todo mundo, então temos de humanizá-las.”

A Vila Butantan é um investimento nessa ideia. Alguns projetos que inspiraram Horta foram o Box Park, de Londres, e o Restart, na Nova Zelândia. O empreendedor também citou as revitalizações dos bairros nova-iorquinos Bronx e Queens, além da repaginação que os shopping centers sofrem nos Estados Unidos – passando de templos comerciais a espaços de convivência.

Foi nesse momento, no ano de 2014, que a Odebrecht entrou em contato com o empreendedor e seu sócio. A ideia era revitalizar um espaço ao lado da empresa: onde até então existia apenas um espaço com food trucks, seria preciso criar um espaço interessante para o bairro e para os funcionários do local.

Porém, os desdobramentos da Operação Lava Jato fizeram com que a empresa não pudesse arcar com todo o investimento necessária. Então, Horta e Galvão buscaram investimento e tocaram o projeto com o apoio da Odebrecht, que cobra um valor abaixo da média do mercado pelo terreno.

A ideia era que a Vila Butantan ficasse ao lado do espaço com food trucks, em conjunto. Porém, o Butantan Food Park acabou fechando e a Vila acabou assumindo as duas partes do terreno – o parque de food trucks e o complexo de contêineres projetado por Horta e Galvão, chamado de “lifestyle center”.

(Por Exame) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM