Apesar da crise financeira, o mercado de comércio eletrônico está em franco crescimento no país, como mostram os números divulgados pela Ebit, empresa referência em informações sobre a área no Brasil. A indústria de comércio eletrônico brasileira faturou mais de R$ 44 bilhões em 2016, com crescimento de 7,4% em relação a 2015. Para 2017, a previsão de faturamento é de R$49,7 bilhões. Foi um dos poucos setores a andar na contramão da crise, registrado crescimento, enquanto o varejo físico, por exemplo, encolheu mais de 10% nos últimos dois anos, de acordo com a medição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) voltando a patamares registrados em 2012.

Segundo especialistas, inúmeros fatores ajudaram o e-commerce a passar pelos períodos mais agudos da crise de forma menos dolorosa: os preços oferecidos pelo varejo eletrônico continuaram sendo menores do que os do varejo físico e isso, em tempos de recessão, fez com que o consumidor encontrasse nas compras virtuais um meio de economizar.
Para Pedro Guasti, executivo da empresa e especialista na área, o bom momento do e-commerce no país é oportunidade para empreender, fugir do desemprego, e até mesmo garantir o futuro de uma empresa. Segundo ele, o comportamento da nova geração de consumidores, que preferem comprar pela internet, abrirá cada vez mais oportunidades na rede.
— Os jovens são um público crescente no setor de vendas online, especialmente pelo uso constante de smartphones e fácil acesso à internet — diz.

No Brasil, as áreas mais promissoras para o e-commerce estão concentradas nos setores de moda e acessórios, eletrodomésticos e eletrônicos, além de produtos alimentícios e personalizados.
— A tendência do momento é o setor de moda, em especial, acessórios, roupas e calçados — aponta.

Quarta revolução industrial

Para o gestor de empresas Júlio Correia Neto, compras por internet aumentam a cada ano por conta da comodidade.
— É mais prático comprar pela internet do que se expor nas ruas. Além disso, lojas virtuais tendem a ser mais baratas, já que os custos são reduzidos. Tem muito trânsito e violência hoje em dia. É uma tendência comprar pela internet e estamos vivenciando a 4°revolução industrial — garante.

— É de extrema importância que os empresários que mantêm presença apenas no mundo físico considerem a possibilidade do virtual o quanto antes, ou correrão o risco de ficarem defasados. A tendência é que estabelecimentos físicos diminuam. As pessoas vão procurar lojas físicas para consumo imediato e os estabelecimentos vão ser espaços de experimentação para os clientes — destaca Rodrigo Bandeira Santos, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio eletrônico.

De acordo com ele, informações claras sobre o produto, forma de pagamento e prazo estipulado para entrega devem constar na descrição do site.
— É preciso um estudo aprofundado do mercado em que deseja investir e se diferenciar — conclui o gestor.

Há dez anos comprando pela internet, a assessora de imprensa da área gastronômica Aline Gomes, diz que os preços influenciam na compra online.
— São mais atrativos e a forma de pagamento muitas vezes é melhor que em lojas físicas. O fato de sempre ter dado certo, só me faz querer comprar cada vez mais pela internet. Minha mãe, que começou resistente, hoje compra bastante pelo digital. Meus irmãos, que são mais jovens, gostam de garimpar em sites internacionais.

Escolha do segmento

De olho em um público ativo nas redes sociais, a jovem empreendedora Verônica Vaz, de 29 anos, resolveu abrir sua própria loja virtual. Há cinco anos, junto com sua ex-namorada, criou o ‘The L Vibe’, sexshop voltado para o universo lésbico. Segundo ela, comprar este tipo de produto em lojas físicas era ruim e um pouco constrangedor, e os empreendimentos online do setor continham informações pobres.

Olhando alguns concorrentes online, vimos que eles apenas copiavam os textos dos fabricantes dos produtos. Nós fazemos questão de escrever uma novo texto para cada um dos nosso 100 itens do catálogo. Acho que isso faz diferença na hora da nossa consumidora escolher o produto. Além disso, eles possuem muitas opções e todas muito parecidas. Escolhemos trabalhar com um conjunto menor e melhor.
— Usei minha experiência de consumidora para abrir o negócio. Nossa base é a comunicação. Temos um chat online para tirar qualquer dúvida das clientes e a troca se dá de maneira bem orgânica. Elas ficam confortáveis e contam sobre suas vidas — declara a empresária, afirmando que a crise passou longe do seu negócio.

(Por Extra) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM