Uma equipe de fiscalização do Ministério do Trabalho encontrou, no final do mês de julho, uma casa na zona norte de São Paulo onde 15 bolivianos e um paraguaio viviam e trabalhavam em condições de semi-escravidão. Eles produziam peças para a uma empresa fornecedora da marca de roupas Zara, que faz parte do grupo espanhol Inditex. Os trabalhadores enfrentavam uma jornada de trabalho de mais de 15 horas por dia em uma casa, onde também viviam.  A remuneração paga pela empresa a cada um dos funcionários não era condizente com o tempo de trabalho, e eles tampouco tinham carteira assinada. “Não tinham salário fixo e ganhavam centavos por peças produzidas, trabalhando muitas vezes 20 horas por dia”, afirmou a costureira Maria Susicleia Assis, diretora do Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco.

As peças produzidas por uma empresa chamada AHA tinham um custo de 7 reais para o proprietário da oficina ilegal. “Era um local abafado, com pouca iluminação, sem ventilação, mal cheiroso, em que as janelas eram mantidas fechadas para ninguém saber que havia uma oficina de costura ali”, conta Maria Susicleia, que estve presente na operação de fiscalização.  Além de Maria, a equipe de fiscalização foi composta por agentes da Polícia Federal (PF), integrantes do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – da Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, auditores da SRTE/SP e membros do sindicato.  Foram identificadas pelo MTE cerca de 35 oficinas que apresentavam possibilidade de ter trabalho escravo, realizado por bolivianos (portanto com indício de tráfico), produzindo roupas da marca Zara. Até o momento, quatro das oficinas foram fiscalizadas.

A rede não é a primeira a ser flagrada com presença de trabalho irregular em sua cadeia. Em abril deste ano, a Argonaut, marca de rouoas da linha jovem que fornecia para a rede Pernambucanas, foi deflagrada com bolivianos que trabalhavam mais de 60 horas semanais para receber 400 reais.

(Por Cidade Marketing) Varejo, Núcleo de Estudos do Varejo