O GPA (Grupo Pão de Açúcar) adiou o prazo final para receber propostas de interessados em comprar a Via Varejo em cerca de 15 dias – portanto, até o fim da semana que vem, informou na sexta-feira (10/3) o jornal Valor. Quatro grupos confirmaram interesse: a empresa de private equity Advent International, Lojas Americanas, o fundo de investimento americano Bain Capital e um fundo chinês que pode entrar no negócio em parceria com o Alibaba.

As propostas são “não vinculantes”, ou seja, as empresas podem desistir da operação sem nenhum tipo de penalidade. O prazo, que se encerraria ontem (12/3), foi postergado na sexta-feira a pedido de uma companhia que analisa o negócio, diz fonte.

A Via Varejo, que reúne as bandeiras Casas Bahia e Ponto Frio, é líder do varejo de produtos eletroeletrônicos e móveis, com 30% das vendas desse mercado. A Lojas Americanas pode entrar na operação em parceria com um fundos de investimentos, e um deles pode ser o 3G Capital, que tem como sócio o brasileiro Jorge Paulo Lemann, também acionista da Lojas Americanas. O fundo complementaria o valor total da operação. Há expectativa de que, caso evoluam as conversas com a Lojas Americanas, a negociação seja dura. A rede é conhecida pela pouca flexibilidade com interlocutores.

O valor de mercado da Via Varejo atingiu R$ 4,8 bilhões na sexta-feira – as ações na bolsa fecharam em R$ 11,60, com alta de 6,5%. A Bain Capital comprou em 2014 a operadora de planos de saúde Intermédica e também controla a empresa de call centers Atento.

Já a Advent, considerada umas das empresas de investimento com atuação mais agressiva no Brasil, começou a montar sua oferta pela Via Varejo em fevereiro. Neste ano, até agora, a Advent comprou uma distribuidora de produtos químicos que pertencia à Braskem e a corretora Easynvest. No varejo, controla a rede gaúcha Quero-Quero desde 2008, quando foi desenhado um plano de expansão que não decolou.

Entre os que avaliam a compra da Via Varejo, o Alibaba, controlada pelo empresário chinês Jack Ma, chama atenção pelo interesse em controlar lojas físicas pelo mundo. A rival chinesa da Amazon tem adquirido negócios de varejo físico em alguns países há pelo menos três anos. Em 2015, comprou, por US$ 4,56 bilhões, 20% da varejista chinesa de eletrônicos Suning.

Analistas já consideravam que a lista dos realmente interessados na Via Varejo não deveria ser extensa. A operação é de margens baixas, embora possa despertar atração pelo potencial de virada nos resultados. Os bancos assessores da operação são Santander, Rothschild, HSBC e Société Générale.

A Via Varejo é um negócio com R$ 23,2 bilhões em receita líquida em 2016, alta de 9% sobre 2015. Registrou prejuízo de R$ 750 milhões (site e lojas físicas), quase o dobro de 2015. A Cnova, o braço de comércio online que se uniu à Via Varejo em 2016, deu prejuízo de R$ 845 milhões em 2016, e as lojas físicas, lucro de R$ 95 milhões.

Procurado, o GPA informa que a venda da Via Varejo está em curso e que o mercado será comunicado oficialmente sobre qualquer fato relevante sobre o tema.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM