Tecnologia aliada às pessoas e o poder dos dados. Esse foi o resumo dos três dias do maior evento varejista do mundo: a feira NRF (National Retail Federation) Big Show, que reuniu neste ano mais de 35 mil participantes e 300 palestrantes em Nova Iorque, EUA, para discutir as tendências para o varejo físico e digital.

Entre as principais soluções apontadas durante o evento está o uso de dados para auxiliar a gestão e a tomada de decisão no setor. A utilização dos dados já é muito conhecida pelo mercado dos Estados Unidos, mas ainda é algo iniciante no Brasil. Muitas empresas encontram nesse ponto o diferencial de negócio para auxiliar redes de varejo a tornar suas promoções e campanhas mais assertivas e inteligentes.

Mas não foi só isso. Claro que a realidade virtual, tendência que esse ano ganha força na área de tecnologia da informação, não poderia estar de fora dessa. Confira esses e outros destaques do evento:

1. Realidade virtual & realidade aumentada

A NRF não poderia passar batido por tendências que são recorrentes ano após ano: a realidade virtual e a realidade aumentada. De forma geral, estas tecnologias permitem, cada uma à sua forma, uma interação entre o mundo virtual e o real, mudando a forma como executamos tarefas das mais simples às mais complexas. A febre do Pokémon Go é exemplo básico do que a realidade aumentada pode fazer e o seu poder de vendas. Só para se ter uma noção, o jogo valorizou os negócios da Nintendo, alcançando um patamar de nada menos que US$ 23 bilhões na Bolsa em uma semana.

O varejo está acompanhando de perto estas novas tecnologias. A NRF este ano apresentou diversos cases focados no comércio. Com relação à realidade virtual, você poderia estar dentro de supermercado físico na sua própria casa, passando por toda a experiência de estar na loja e comprar no conforto do seu sofá, por exemplo. O uso da tecnologia é impressionante para varejos que vendem móveis e eletrodomésticos. Já é possível que usuários vejam como ficam os móveis na sala, troquem de cor e modelos para ver qual combina melhor e, na mesma plataforma, realizem a compra. Essa simulação e venda na mesma ferramenta vai ao encontro da tendência mundial de omnichannel (ou onechannel como estão chamando agora), cada vez mais incorporada no varejo.

2. Robôs

Depois de realidade virtual aumentada, por quê não incluir os robôs no comércio? A tecnologia, que há anos vêm sendo tema de filmes de ficção científica, começa a ocupar em várias áreas, incluindo o varejo. O que mais me chamou atenção é o robô que “caminha” pela loja e faz o reconhecimento de imagens, ou seja, ele consegue dizer, em tempo real, se há produtos fora do lugar, com preço incorreto na gôndola e quais estão em falta na loja. Isso pode impactar diretamente no varejo, já que esse acompanhamento é feito muitas vezes manualmente por um funcionário terceirizado. Outro exemplo muito interessante da feira foi a Pepper, um robô que faz atendimento ao público, mas com um super inteligência de big data. Incrível, certo?

3. Funcionários

Ambas as tecnologias podem mudar – e muito – os procedimentos internos e externos, de contato com o público. Isso não há dúvidas. Mas, ao focar tanto nesses pontos, acabamos por esquecer de um muito importante no comércio: as pessoas. O varejo precisa entender o papel fundamental dos consumidores e, mais do que isso, dos seus colaboradores. Esse foi um dos tópicos mais falados na NRF e que não vinha sendo muito discutido nos outros anos.

O engajamento e felicidade dos colaboradores é essencial para garantir o sucesso da empresa. Para isso, o varejo deve mostrar aos colaboradores que existe possibilidade de crescimento e construção de carreira dentro das empresas. Não é, apenas, um trabalho temporário ou sazonal. E é na falta de elaboração de planos de desenvolvimento pessoal, que o setor acaba trabalhado com pessoas que veem no varejo a última opção profissional. A alta rotatividade atrapalha o funcionamento dos estabelecimentos.

4. Personalização

Ao mesmo tempo que devemos dar a devida importância aos colaboradores, não dá para esquecer do público. A experiência do consumidor precisa ser construída one to one. A personalização, um assunto constantemente debatido nas feiras ao redor do mundo, voltou à tona na edição da NRF. Essa personalização o muito a ganhar com o avanço da utilização dos dados no setor.

5. Dados

Voltamos ao assunto principal: dados. Praticamente todas as palestras falavam alguma coisa de dados, afinal, para os especialistas convidados isso já é uma realidade. Os principais varejistas contam com áreas exclusivas só de estatísticas e data scientists, para analisar os dados e tomar decisões embasadas. A finalidade, que acaba sendo muito similar a de empresas como a Smarket, é, basicamente, auxiliar a tomada de decisões. Por que o varejista vai gastar dinheiro com decisões erradas se os dados estão disponíveis para contar a história e predizer o que pode acontecer? O mercado está muito aquecido para isso e várias empresas de dados participaram da feira, mostrando o potencial da tecnologia no setor.

(Por O Negócio do Varejo – Marcela Viegas) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM