O Walmart demitiu executivos de sua operação de comércio eletrônico global – nesse grupo, está o brasileiro Fernando Madeira – numa tentativa de dar um novo rumo a seu negócio, incomparavelmente menor que a Amazon. Parte dos diretores deve permanecer no cargo mais alguns meses, mas todos já foram informados da decisão, que tem relação direta com a aquisição recente da startup Jet.com.

Madeira, presidente do Walmart.com para os Estados Unidos e América Latina, há pouco mais de dois anos no cargo, deve deixar a companhia em janeiro, como informou ontem (3/11) o Valor. Ele presidiu a operação latino-americana do Walmart.com entre 2012 e 2014, quando mudou para San Bruno, na Califórnia, para ocupar a nova função, antes pertencente ao americano Joel Anderson.

O executivo foi o primeiro brasileiro no cargo de CEO de uma operação do Walmart no exterior. Ele é a interface da operação brasileira com a alta cúpula da companhia e sua promoção ocorreu após uma bem-sucedida gestão nos negócios no Brasil, num período de forte crescimento econômico no País e quando o Walmart.com crescia gastando em mídia de forma maciça e “comprando” participação de mercado por meio de promoções agressivas, mas com efeito sobre margens – estratégia que perdeu força nos últimos anos. No País, a alta direção da subsidiária ainda não foi oficialmente informada sobre a saída de Madeira, apurou o Valor.

Procurado, o Walmart.com não se manifestou. Madeira não respondeu aos pedidos de entrevista.

Dança das cadeiras

Nesta fase de mudanças, Neil Ashe, presidente e CEO do braço de comércio eletrônico global do Walmart.com (e chefe de Madeira), também deixará a companhia, segundo a rede “CNBC”. Diane Mills, vice-presidente sênior de recursos humanos, também deve sair da empresa, como antecipou na terça-feira (1/11) o “The Wall Street Journal”. Outro executivo, Brent Beabout, vice-presidente sênior da cadeia de suprimentos, segundo o jornal, saiu do cargo semanas atrás e deve ser sucedido por Nate Faust, co-fundador da Jet.com, site adquirido pelo Walmart em agosto.

Na prática, a aquisição da Jet.com pelo Walmart, por US$ 3,3 bilhões, a maior soma já desembolsada pela varejista por uma empresa de comércio eletrônico, é a razão principal das mudanças nos cargos de liderança, segundo analistas de mercado americanos.

De acordo com informações de fontes próximas ao Walmart.com no Brasil, Doug McMillon, CEO global do Walmart, está muito animado – alguns dizem até “deslumbrado” – com as ideias da linha da frente da Jet.com, particularmente de seu CEO, Marc Lore, de 46 anos. Lore lançou a Jet.com em 2014 e abriu seu capital em julho de 2015. Deve passar por ele a definição de novos nomes para cargos de liderança da companhia.

Um dos interesses do Walmart é no sistema de determinação de preços da Jet.com, que considera desde o conjunto de itens escolhido pelo consumidor no site até o local onde o cliente mora.

De olho na Amazon

Menos ágil e eficiente que alguns rivais, o negócio de venda online do Walmart no mundo ainda sente a concorrência da Amazon em certos mercados, inclusive nos EUA. Enquanto a Amazon vendeu US$ 113 bilhões nos últimos 12 meses, no Walmart.com (controlado por um grupo com quase US$ 500 bilhões em vendas), essa soma não chega a US$ 15 bilhões.

A entrada de Madeira, há pouco mais de dois anos, era uma forma de trazer algum frescor e testar novas iniciativas no negócio para ampliar a escala atual de venda. Mas os números têm sido instáveis – nos últimos quatro trimestres, a alta nas vendas no site do Walmart no mundo atingiu 10%, caiu para 8%, diminuiu de novo para 7% e subiu para 12%. A Amazon, por sua vez, tem expandido numa velocidade, no mínimo, duas vezes maior – no último trimestre, a alta foi de 30%.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM