Em ano de retração da economia brasileira e de recuo no consumo das famílias, marcas de diferentes setores decidiram unir suas forças para dividir custos e investimentos e atrair mais consumidores. Não se espante ao ver o logotipo da Adidas nas embalagens da água de coco da fabricante carioca Do Bem ou esbarrar com os desodorantes Axe em lojas de grifes masculinas e estampados em blusas da Ellus. Até o chiclete Trident decidiu levar seus sabores a linhas de sandálias.

Para Marcelo Pontes, líder de Marketing da ESPM, há numerosas oportunidades que as empresas podem explorar de maneira conjunta, buscando sinergia que vise não apenas à redução de custos, mas à aproximação maior com os consumidores:

— É fundamental que as ações sejam pensadas cuidadosamente em toda a sua operação e execução, ou seja, cada detalhe deve ser rigorosamente planejado, de maneira conjunta, para que a relação seja de ganha-ganha.

Segundo Tatiana Oliveira, diretora-geral da agência Cross Networking, a crise está fazendo com que as empresas busquem novas oportunidades e soluções.

— A ideia é fazer melhor junto e mais barato. Acabamos de lançar uma linha da Maizena na rede Tok Stok. Levamos a marca de amido de milho para diversos produtos, como canecas, xícaras e pratos. Foi uma forma de levar a marca para os mais jovens, e aumentar as vendas da rede de varejo — conta.

A Adidas e a Do Bem, hoje da Ambev, acabaram de lançar, em conjunto, uma edição especial de água de coco. Segundo Marcos Leta, fundador da Do Bem, os estudos começaram no ano passado e a união foi natural, já que estão ligadas a um estilo de vida mais saudável, completa.

— Nosso objetivo foi unir forças para dar uma nova experiência para as pessoas, já que isso extrapola o que estão acostumadas a ver. Vamos vender em Rio, São Paulo e Minas Gerais — adianta.

Ao lançar seu novo conceito de marketing em janeiro, a Axe, marca masculina de fragrâncias, buscou parcerias para apresentar seus lançamentos. Adriana Castro, diretora de Marketing da companhia, explica que, para cada tipo de desodorante, a estratégia foi se associar a outras marcas que tinham relação com as novas fragrâncias. Com isso, selou acordos com diversas grifes.

— A ideia é ajudar na construção desse diálogo com o consumidor. A parceria só faz sentido quando há troca. Vendemos nossos produtos nas lojas e fazemos ações para aumentar o fluxo de consumidores. Para cada parceria, criamos soluções diferentes, como a criação de roupas e acessórios com a nossa marca.

A publicitária Andressa de Almeida, da agência Tricot, destaca que esse tipo de estratégia ganha força. Segundo ela, os investimentos são otimizados com um caminho “mais curto” para chegar ao consumidor:

— Qualquer ação é muito bem avaliada porque as empresas estão com as verbas de marketing reduzidas.

(Por O Globo) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM