As vendas do varejo de eletroeletrônicos caíram 9% em valor e 24% em volume de janeiro a maio deste ano, em relação a igual período de 2015, segundo levantamento da consultoria GfK. A retração da demanda não impediu um forte aumento de preços, de 20% em média, apenas nos cinco meses analisados, reflexo da valorização do dólar e do fim da “Lei do Bem”, que concedia isenção de PIS/Cofins sobre a venda de itens como computadores, tablets e smartphones.

Na avaliação dos especialistas, a queda no volume comercializado foi tão forte que não foi possível compensar a redução com o aumento nas tabelas, levando a um encolhimento na receita. “Nesse cenário, o mais provável foi um encolhimento da rentabilidade, já que determinadas despesas subiram no mesmo período”, disse Claudia Bindo, diretora de novos negócios da GfK.

A maior retração foi verificada no segmento de informática, com baixa de 33% no volume vendido nos cinco primeiros meses do ano, e redução de 24% no faturamento sobre 2015.

O maior reajuste de preços até maio de 2016 ocorreu no segmento de telefonia em geral (que abrange celulares), com aumento médio de 40% no valor cobrado pelas mercadorias.

Os números são calculados com base em relatórios de vendas encaminhados mensalmente pelas principais redes varejistas que comercializam as categorias auditadas – entre elas estão Magazine Luiza, Casas Bahia, Ponto Frio e Ricardo Eletro.

No material elaborado pela GfK, a consultoria prevê que o mercado de eletroeletrônicos deverá fechar 2016 com retração de 17% nas vendas em valor, atingindo US$ 20 bilhões (cerca de R$ 70 milhões). Para o próximo ano, a perspectiva é de nova queda, de 3%, com o faturamento recuando para US$ 19,3 bilhões. Portanto, não haverá retorno para patamares de crescimento, pelo menos, até 2018.

“Não conseguimos estimar em que momento voltaremos aos patamares pré-Copa, quando as vendas atingiram US$ 40 bilhões, mas é certo que até 2018 devemos sentir retração nas vendas”, disse Claudia.

De acordo com o relatório da GfK, o varejo tem ampliado os prazos de pagamento ao consumidor neste ano, passando a financiá-lo mais para que a venda aconteça. Existe uma atenção maior a esses movimentos porque, se os prazos médios de recebimento dos clientes aumentarem sem que se negocie uma extensão no horizonte de pagamento à indústria, há risco de um desequilíbrio no ciclo de caixa das companhias.

Levantamento da GfK mostra que 33% dos anúncios das varejistas do setor eletroeletrônico, de eletrodomésticos e portáteis, ofereciam pagamentos acima de 12 meses em maio, versus 24% no mesmo período do ano passado.

Essa taxa de 33% é a maior do ano – a análise é feita mensalmente. O volume de ofertas com prazos de 9 a 12 meses, que representava 57% do total em maio de 2015, passou a responder por 46% dos anúncios em igual período deste ano.

Para chegar a esses números, a consultoria analisou todas as 210,8 mil propagandas de preços das varejistas em mídia impressa neste ano e as comparou com o total de anúncios do mesmo intervalo de 2015 (cerca de 284 mil).

(Por Eletrolar.com) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM