Não há dúvidas que o Brasil vive momento delicado. Política e economicamente o país está em crise, e cada vez mais estampado nas páginas de renomeados jornais e revistas internacionais.

O mercado de luxo, apesar de ter a imagem de um mercado “sem crise” vive agora situação de alerta. Algumas marcas já deixaram o País por conta da elevação do câmbio e da alta carga tributária, fatores que podem tornar a operação de algumas marcas simplesmente inviável por aqui.

O varejo de luxo especificamente parece ser o mais atingido. A francesa Ladurée, famosa por seus tradicionais macarons, encerrou suas atividades no Brasil: recentemente fechou sua linda loja do Shopping JK Iguatemi em São Paulo. Atualmente o preço unitário de seus macarons estava R$ 11, mesmo valor que custa para importar cada doce. Ainda no segmento alimentício, a marca espanhola de chocolates Cacao Sampaka e a americana Red Lobster, famosa por suas lagostas, também encerraram suas atividades no Brasil.

A grife Vilebrequin, uma das marcas mais exclusivas de moda praia, também está deixando o país. Seus famosos shorts custavam a partir de R$ 880 em suas lojas no Brasil. Desde janeiro de 2016, a grife anunciou liquidação de 50%, que dura até os dias de hoje, o que é raro (e inadequado) na gestão de uma marca de luxo. Sua loja no Rio de Janeiro já foi fechada e esta semana a marca anunciou em seu perfil no Instagram que fechará também suas unidades dos shoppings Cidade Jardim e Iguatemi São Paulo. A grife conseguiu manter por algum tempo o preço de seus produtos negociados ainda com o dólar americano em valor razoável. Com a desvalorização do real perante o dólar, novas peças passariam da casa dos R$ 1400, inviável para o varejo de luxo brasileiro.

Apesar da crise e do dólar alto, há ainda empresas que apostam no Brasil. É o caso da americana Ralph Lauren, que em 2001 havia encerrado suas atividades e em 2015 voltou a investir por aqui, inaugurando sua loja no Shopping Cidade Jardim com as coleções mais exclusivas e de edição limitada. Este ano, a grife voltou também com a coleção Polo, inaugurando loja no Shopping Iguatemi São Paulo, um dos mais tradicionais do país.

Vale destacar que, quando a operação da marca não é feita diretamente por ela como o caso da Vilebrequin, fica ainda mais difícil bancar os custos e lidar com variação cambial, uma vez que, obviamente, seus representantes no país precisam ter margem de lucro. No caso da Vilebrequin, representada pela empresária Michelle Nasser, chegou a trabalhar com margens reduzidas, mas pelo visto não foi suficiente para sobreviver por aqui.

(Por O Negócio do Varejo – Ricardo Ojeda Marins) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM