O cartaz com os dizeres “vamos fechar a loja” está adornado com sinais pretos e vermelhos no ponto da Macy’s no shopping Ridgmar Mall. Os produtos estão sendo vendidos com grandes descontos e as portas serão fechadas definitivamente no começo de março.

Assim como muitos shoppings dos Estados Unidos, o Ridgmar, aberto há 40 anos, encontrar-se em uma encruzilhada. A ascensão do comércio on-line e a mudança dos hábitos do consumidor estão destruindo as grandes lojas de departamentos conhecidas como “âncoras”, que antes atraíam tráfego para os centros de compras. Isso está deixando os donos dos shoppings com muito espaço vazio, forçando-os a realizar caras reorganizações para que os empreendimentos continuem relevantes. A Macy’s, que na terça-feira divulgou uma queda de 31% nos lucros do quarto trimestre de 2015, disse em janeiro que fecharia perto de 40 lojas. A Sears e a JC. Penney, que anunciam os resultados do quarto trimestre esta semana, também estão fechando pontos de venda.

Muitas outras lojas-âncora estão com dificuldades por causa da grande queda do número de visitantes. As redes de lojas de departamentos terão de fechar cerca de 500 pontos de venda – cerca de 15% de todo o espaço destinado às âncoras nos shoppings americanos – para gerar as mesmas vendas por metro quadrado que elas conseguiam em 2006, segundo relatório recente da consultoria imobiliária Green Street Advisors.

As dificuldades estão transformando algumas lojas-âncora de ativos em passivos para os proprietários dos shoppings. “Infelizmente, muitas delas se encaixam na verdadeira definição de âncora”, diz Bob Lieb, CEO da Mountain Development, que é dona de shoppings em Springfield, Massachusetts, e perto de Buffalo, Nova York, onde a Macy’s está fechando.

Os donos dos shoppings estão tentando encontrar novas maneiras de ocupar uma grande quantidade de espaço que logo estará vazio. E buscam novas estratégias para atrair os consumidores, que estão gastando uma parcela crescente de seu dinheiro na internet e exigindo uma maior variedade de atrações quando vão ao shopping.

A CBL & Associates Properties, que está perdendo uma Macy’s em um shopping na Carolina do Norte, conversa com as autoridades locais para transformar o imóvel “menos em um centro exclusivo de varejo e mais em um centro de uso misto”, segundo disse este mês a investidores o CEO da companhia, Stephen Lebovitz.

A General Growth Properties (GGP), uma das maiores proprietárias de shoppings dos EUA, pretende substituir a Macy’s que está fechando no Quail Springs Mall em Oklahoma City, por novas opções de alimentação e entretenimento. “Isso definitivamente vai aumentar o tráfego de pessoas no shopping”, disse seu CEO, Sandeep Mathrani.

Os empreendimentos mais sofisticados poderão não ter problemas para encontrar os inquilinos desejados. Mas um shopping que já esteja lutando contra a concorrência acirrada ou com uma economia local fraca, corre o risco de se dar mal, uma vez que o número de visitantes vem caindo e lojas estão sendo forçadas a fechar.

Os shoppings que se encontram no meio termo, como o Ridgmar de Forth Worth, “precisam ser criativos”, diz Daniel Busch, analista sênior da Green Street. Restaurantes, cinemas e supermercados estão entre as atrações alternativas que podem atrair os clientes. “Estas são as novas âncoras”, disse Busch. “Não é preciso mais ter cinco lojas de departamentos.”

O Ridgmar hoje tem cinco, mas esse número deverá cair para três. Além da Macy’s, o Neiman Marcus Group também pretende fechar sua loja de dois pavimentos no shopping e abrir uma nova em um shopping a céu aberto que está sendo construído a poucos quilômetros dali. Juntas, a Macy’s e a Neiman Marcus respondem por cerca de um quarto dos 114.400 m2 do Ridgmar. As outras três lojas de departamentos do local são a Sears, aJ.C. Penney e a Dillard’s.

A saída iminente de duas âncoras está causando problemas para alguns lojistas. A CC’s Cupcake Heavan, uma panificadora de Forth Worth, tem uma de suas duas lojas no primeiro piso do Ridgmar, ao lado da entrada da Macy’s. “Nossos produtos são comprados por impulso. Se não tivermos mais o tráfego de pessoas, seremos prejudicados”, diz David McCraken, membro da família que controla e opera a CC’s.

Muitas pequenas lojas do shopping estão fechadas, em parte devido a uma onda de falências no varejo no ano passado, que reduziu as taxas de ocupação no país todo. Na gigante do setor Simon Property Group, que controla alguns dos mais cobiçados shoppings dos EUA, a taxa de ocupação caiu para 96,1% no fim de 2015, em comparação a 97,1% em 2014.

No ano passado o Ridgmar perdeu uma Wet Seal e uma Deb Shops, segundo Ira Fratik, gerente-geral do estabelecimento. “Janeiro foi um massacre para todos os donos de shoppings”, acrescenta Fratrik, que afirma que a taxa de ocupação em seu shopping está “acima de 80%”.

Mas o Ridgmar também tem vantagens importantes. O shopping encontra-se ao lado de uma rodovia interestadual a oeste do centro de Fort Worth, perto de dois grandes empregadores, uma base aeronaval e a Lockheed Martin Corp.Além disso, a área a oeste do shopping está crescendo, segundo Betsy Price, prefeita de Forth Worth. O shopping também tem inquilinos que atraem particularmente os consumidores mais jovens. A rede de “fast-fashion” H&M abriu uma nova loja no local no ano passado, e a Cinemark terminou recentemente a reforma de seu cinema, que agora tem 13 salas e assentos reclináveis.

Mesmo assim, grandes mudanças devem ocorrer no Ridgmar, segundo Garo Kholamian, presidente da GK Development, a firma de Barrington, Illinois, que comprou o Ridgmar em 2013. Sua empresa está considerando várias opções, incluindo o aumento do espaço para restaurantes e a conversão de parte do shopping para outros usos, como a construção de apartamentos ou um hotel. O projeto deverá custar mais de US$ 50 milhões, segundo Kholamian. “Com essas propriedades, é preciso pensar além da maneira tradicional.”

(Por O Negócio do Varejo) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM