A Via Varejo afirmou que os prejuízos com roubos dos estoques da Cnova não irão afetá-la e que não há risco que o mesmo problema ocorra em seus centros de distribuição, ainda que as duas empresas sejam do mesmo grupo.

“Nós entendemos que os problemas de estoque da Cnova são exclusivos deles. Temos processos e sistemas na Via Varejo que são maduros e consistentes”, disse Peter Paul Estermann, presidente da varejista, em conferência com analistas.

As irregularidades ocorriam nas trocas de produtos em que as mercadorias não voltavam aos estoques da CNova e eram desviados por alguns funcionários.

Eles geraram perdas de 177 milhões de reais e estavam ocorrendo desde 2011,afirmou a companhia.

As duas empresas são do Grupo Pão de Açúcar. Enquanto a Cnova, empresa do GPA e do Casino, cuida do comércio eletrônico da Casas Bahia, do Extra e do Ponto Frio, a Via Varejo controla as lojas físicas da Casas Bahia, Ponto Frio e Bartira.

Segundo Estermann, a Via Varejo tem sistemas de rastreabilidade e, depois que o roubo de estoques da CNova foi divulgado, ela buscou falhas na gestão de seus centros de distribuição, mas não encontrou nada que oferecesse risco.

As duas empresas, por serem do mesmo grupo, possuem alguns centros de distribuição em conjunto. “Mas todo o controle operacional e logístico é feito pela Via Varejo e não encontramos risco algum”, disse o executivo.

Os desafios

Esse não é o único desafio que a empresa enfrenta. Ela apresentou prejuízo de 177 milhões de reais no quarto trimestre de 2015.

No acumulado do ano, o lucro atingiu 3 milhões de reais, uma queda de 99,7% ante um resultado de 938 milhões de reais em 2014.

Em 2015, suas receitas caíram 15%, para 19,27 bilhões de reais. A empresa responsabiliza o difícil cenário econômico pela queda em seus números.

Outro obstáculo da empresa está na inadimplência, que subiu 16,7% no último ano.

A Via Varejo afirmou que investiu em ferramentas de cobrança e consultorias para melhorar sua carteira de crédito, ao conceder mais dinheiro aos bons pagadores e reduzir aprovação de clientes de alto risco.

A empresa quer aumentar suas receitas com serviços financeiros, como cartão de crédito, que em 2015 totalizaram 335 milhões de reais, ante 357 milhões de reais em 2014.

O contrato que a companhia mantém com o Bradesco foi estendido para oferecer cartões de crédito, com o intuito de impulsionar vendas desse tipo e angariar novos consumidores.

Reformas e cortes

A empresa afirmou que, no último trimestre, acelerou iniciativas para reverter o prejuízo. Entre elas, está a redução dos custos de logística, o fechamento de 39 lojas de baixa performance, renegociação de aluguel e a demissão de 13 mil funcionários.

Boa parte das lojas também ganhou cara nova – 176 delas foram reformadas para ganhar um espaço para venda de smartphone e outras 121 para receber o conceito de venda de móveis.

Durante o ano,  27 novas unidades de todas suas bandeiras foram abertas.

“Tomamos essas iniciativas ao longo do último trimestre e os resultados poderão ser vistos já no começo deste ano”, diz Estermann.

Para 2016, a varejista enxerga um cenário bastante desafiador, com queda de dois dígitos nas vendas. “A companhia está bem preparada para esse cenário. Vamos continuar com preços agressivos, mas também defender a rentabilidade”, afirmou o presidente.

(Por Exame) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retial lab, ESPM