Cada ida à NRF Big Show é uma experiência diferente. Seja pelo momento do varejo americano, seja pelo que acontece no Brasil, e também pelas experiências vividas em Nova York, o fato é que é possível trazer muitos insights a partir do que é visto por lá. Neste ano, enquanto os termômetros ficavam ligeiramente abaixo de zero, percorremos Manhattan e o Brooklyn na curadoria de um dos circuitos de visitas técnicas da delegação BTR VARESE, o que permitiu conhecer conceitos de negócios inspiradores e que trazem insights para quem deseja inovar.

Vida em comunidade: em cidades com locomoção cada vez mais difícil surge uma contraideia. Locais que se transformam em pontos de atração de público para experiências em comunidade. O Gansevoort Market, na região do Meatpacking District, tem 800 m2 de área e reúne 20 operadores de food service em um conceito despojado que, ao mesmo tempo em que permite que cada cliente escolha um produto de um lugar diferente do mundo, abre a oportunidade de que todos se alimentem juntos. Pode ser uma praça de alimentação, mas também é um lugar de socialização intensa.

Com cara de antigamente: a valorização do que é artesanal também é uma tendência. Na Mast Brothers, vimos como dois irmãos criaram um negócio a partir da fabricação de chocolates sem aditivos e sem conservantes. Somente cacau e alguns poucos ingredientes naturais. Chocolate com azeite, ou com leite de cabra, não se encontra em todo lugar, e a empresa sabe valorizar esse jeito caseiro de trabalhar. Há muita oportunidade de diferenciação ao voltar às origens.

Com o jeito do cliente: a J.Crew surpreendeu ao criar, no bairro do Brooklyn, uma loja focada no público masculino. Esse foco surgiu naturalmente: a maior demanda era por produtos masculinos e então a loja se tornou diferente das demais nos Estados Unidos. Mobiliário escolhido a dedo, produzido na região, e integração com as operações online para evitar que produtos fiquem nas prateleiras por muito tempo. Ao mesmo tempo, atenção às características da vizinhança e gestão precisa dos estoques.

Um show: varejo também é espetáculo. O Barclays Center, a casa dos Brooklyn Nets da NBA, é um caso excepcional de operação que alia entretenimento e compras. A principal loja oficial de vestuário fatura US$ 5 milhões ao ano e pode ser totalmente remodelada em algumas horas, uma vez que o ginásio também recebe shows e partidas de hóquei. A operação de foodservice tem inúmeras opções e a integração com o digital se faz presente para melhorar a experiência de consumo: pelo app do ginásio, faça suas compras e receba o produto em sua cadeira. Para que perder um lance do jogo enquanto pega um cachorro quente?

Contação de histórias: a Story funciona em períodos de 6 semanas, com uma temática definida e produtos que giram em torno desse tema. No caso atual, “feel good” apresenta produtos, serviços, livros, perfumes, equipamentos, jogos e gadgets que levam o cliente a se sentir melhor. Sessões de relaxamento em realidade virtual, aromaterapia, dicas de alimentação. De tudo um pouco, em uma proposta coordenada que conta uma história definida em parceria com patrocinadores do espaço.

Atenção aos detalhes: o Brookfield Place é o mais novo shopping de Nova York, localizado próximo ao memorial do 11 de Setembro e entre cinco torres de escritório. É uma operação de luxo que não quer ter muita cara de shopping center. Assim, sua frieza é quebrada com detalhes, como o único quiosque da Burberry nos Estados Unidos; uma área de alimentação com operações exclusivas, visual coordenado e uma vista incrível do rio Hudson; a única loja da Hermes no mundo a vender somente fragrâncias; e o Le District, a resposta francesa ao Eataly. Operações exclusivas, muito bom gosto, muita diferenciação.

Seis insights que podem fazer a diferença nos negócios neste ano que promete também ser difícil no mercado brasileiro. Criação de comunidades, artesanato, personalização, experiência, storytelling e exclusividade. Seis características que independem de porte de empresa ou setor de atuação. Dependem, isso sim, de inovação, inspiração e consistência na operação.

(Por O Negócio do Varejo) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM