A rede de lojas de departamentos Macy’s, uma das mais tradicionais dos Estados Unidos, pretende cortar US$ 400 milhões em despesas nos próximos meses, com o fechamento de lojas, dispensa de funcionários e redução de gastos administrativos.

A empresa, que faturou US$ 28 bilhões em 2014 e tem 900 lojas no mercado americano, afirmou nesta semana, em comunicado ao mercado, que cerca de 3000 funcionários deverão ser demitidos e 36 lojas serão fechadas. Será aberto também um programa de desligamento voluntário para 165 executivos seniores e 35% dessas vagas não serão repostas.

“Devido a nossas vendas e desempenho decepcionantes, estamos fazendo ajustes para nos tornar mais eficientes e produtivos em nossas operações”, disse em nota Terry J. Lundgren, presidente do conselho e CEO da Macy’s. A empresa revelou que suas vendas na temporada de Natal tiveram uma queda de 4,7% em relação ao mesmo período de 2014, em parte pelo clima mais quente que o previsto, em parte pela força do dólar, que desestimulou compras por consumidores estrangeiros.

A declaração de Terry Lundgren contrasta fortemente com seu otimismo durante a Black Friday, quando, com sua tradicional loja em Manhattan lotada, o executivo mostrava acreditar em uma temporada de fim de ano positiva. Veja o vídeo:

O movimento de fechamento de lojas e reestruturações ao primeiro sinal de dificuldades é uma das características do varejo americano, onde a alta competitividade reduz muito a leniência dos executivos em relação a desempenhos ruins. Como aponta nosso articulista Renato Müller em seu mais recente artigo, esse é um traço que o varejo brasileiro precisa ainda aprender. “É preciso sempre reavaliar os negócios e descartar o que não está funcionando”, afirma.

No caso da Macy’s, o fechamento de lojas tradicionais acontece ao mesmo tempo em que ocorre a abertura de pontos de venda em outros modelos de negócios. Buscando competir com o varejo de descontos e com marcas fast fashion, a Macy’s abrirá cerca de 50 lojas com a bandeira Macy’s Backstage, lançada no ano passado. Outro foco é a expansão internacional, com lojas em Abu Dhabi que serão inauguradas em 2018.

Outro aspecto relevante, e que estará no foco do varejo durante a NRF 2016, daqui a menos de 10 dias em Nova York, é o fato de que, com o crescimento das vendas online e o aumento da eficiência omnichannel das empresas, é possível cobrir o mesmo mercado com um número menor de pontos de venda, o que muda a equação de custos do varejo e tem um impacto imenso sobre toda a cadeia de suprimentos e até mesmo sobre o setor imobiliário. A própria Macy’s, uma das empresas que investem mais pesado em omnichannel no mundo, aumentou suas vendas em US$ 5 bilhões nos últimos 5 anos, tendo, no período, fechado quase 40 lojas. O consumidor compra cada vez mais online e a empresa percebeu que não adianta remar contra a maré.

(Por O Negócio do Varejo) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM