Poucas experiências do varejo são tão frustrantes quanto gastar tempo escolhendo um produto e ele não estar disponível no estoque. O setor de calçados é aquele no qual esse problema mais aparece e é um imenso desafio manter uma grade variada para atender os diversos perfis de consumo.

A rede americana de lojas de departamentos Saks 5th Avenue oferece 4000 modelos diferentes de sapatos em sua famosa loja flaghship em Nova York. O oitavo andar da loja tem 1300 metros quadrados focados em clientes AAA, com 3000 itens, entre os quais sandálias Salvatore Ferragamo a US$ 3900 e sapatos Louboutin por US$ 3945. Outros mil itens estão distribuídos nos departamentos infantil e masculino, nos demais andares da loja.

O problema da exposição dos sapatos na Saks começa assim que eles chegam: todas as semanas, a loja de Nova York recebe entre 5 mil e 15 mil pares, e pelo menos um exemplar de cada modelo tem de sair do estoque e ser exposto para os clientes. Controlar isso manualmente sempre foi um problema, por causa da velocidade com que novos modelos chegam e do tempo que os funcionários gastam conferindo se todos os modelos estão em exposição. Mesmo assim, a equipe de vendas só conseguia manter 65% dos itens expostos, por não saber exatamente quais estavam faltando. Fazer a conferência custava uma semana a todos os envolvidos. “Há um grande problema de acurácia de estoques e perdas neste segmento, mesmo em mercados mais desenvolvidos”, explica Bruno Calaça, gerente de soluções RFID da Tyco, empresa responsável pela implementação da tecnologia de identificação por rádio frequência na loja.

A partir de um projeto piloto realizado em 2012 na loja, a Saks adotou RFID em outras três unidades no ano seguinte (na Florida e Califórnia) e vem implementando o sistema em todas as suas 40 lojas nos EUA. A solução usa etiquetas RFID e leitores de mão. As informações de leitura são inseridas na plataforma de store performance da Tyco, que alerta a equipe da loja se algum item do estoque não está exposto nos displays.

Conheça o guia de implementação de RFID na Saks 5th Avenue

“Usávamos um processo em que a equipe escaneava o código de barras do produto e o sistema indicava se o item está exposto na área de vendas”, conta Ed Stagman, VP sênior de operações da rede. “Como a loja é muito grande, precisávamos fazer esse processo por partes, o que não era eficiente”. No projeto com a Tyco, cada par de sapatos exposto na área de vendas contém uma etiqueta RFID. Com a leitura delas, é possível emitir relatórios informando os itens que faltam, para que os colaboradores possam fazer a reposição imediatamente.

O resultado é que a conferência do estoque passou a ser feita em apenas 20 minutos, liberando os funcionários para o atendimento dos clientes. Bruno Calaça lembra que a implantação da tecnologia também ajuda a evitar que produtos fiquem perdidos dentro da loja. “Muitos varejistas encontram dificuldades com o chamado ‘gato’, quando um dos pés do calçado se perde no salão de venda ou no estoque. Neste caso, é necessária a etiquetagem de ambos os pés do produto”.

(Por O Negócio do Varejo) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM