Caiu pelo nono mês consecutivo o nível de confiança dos empresários do varejo em São Paulo. Pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio SP) indica que o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) recuou 4,6%, passando de 77,5 pontos em julho para 73,9 pontos em agosto.

É o menor nível na história do indicador, apurado desde março de 2011. O ICEC varia de 0 (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total) e é apurado mensalmente pela Fecomercio SP. A pesquisa reflete o desempenho do setor na Região Metropolitana de São Paulo.

Na avaliação da Fecomercio SP, o desalento com o ritmo das vendas está generalizado pelo setor, com expectativas cada vez mais baixas. O cenário vem se degradando mais depressa que o imaginado pelos empresários do setor. Ao mesmo tempo, cresce a cautela por parte dos consumidores, que evitam assumir novas dívidas e renovar empréstimos.

O quadro, segundo a Federação, está levando os empresários do varejo paulista a refrear investimentos e contratações. A entidade entende que é muito baixa a probabilidade de reversão do cenário econômico a médio prazo, o que pode impactar ainda mais no sentimento do varejo.

O ICEC dos empresários do setor de não duráveis atingiu 69,6 pontos em agosto, queda de 6,2% na comparação mensal e 29,3% na comparação anual. No setor de semiduráveis, o indicador registrou 80 pontos (retrações de 8,2% e 22,9%), enquanto no setor de duráveis o índice atingiu 73,8 pontos (-1,4% e -22,2% nas comparações mensal e anual, respectivamente).

Na análise dos economistas da Fecomercio SP, este resultado deve-se principalmente ao maior pessimismo em relação ao futuro dos empresários do setor de não duráveis (supermercados, farmácias e perfumarias), segmento que provavelmente já está antevendo o impacto do desemprego nas vendas do setor. Apesar dos bens não duráveis apresentarem no ano o melhor desempenho de vendas na capital paulista, os empresários do setor mais uma vez figuraram como os mais pessimistas quando comparados aos do segmento de bens semiduráveis —  vestuário principalmente — e duráveis, móveis, eletrodomésticos, eletrônicos e veículos.

Os três quesitos que compõem o indicador registraram queda. O Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC) apresentou retração de 4,9% em relação ao mês anterior e atingiu 36,7 pontos, ante 38,6 em julho, o que remete a uma percepção cada vez mais pessimista com relação ao atual momento econômico.

O Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC) baixou 3,6% em relação a julho e passou de 118,6 pontos para 114,3 em agosto. Já o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) foi o que mais contribuiu para a variação negativa do indicador, com recuo de 6,1% na passagem de julho para agosto, ao atingir 70,7 pontos.

A variação do indicador de confiança para as empresas com mais de 50 funcionários (grandes) apresentou queda mais significativa, de 29,7% em relação a agosto de 2014. Na comparação mensal, passou de 82,4 pontos em julho para 78,4 em agosto. Já para as empresas com até 50 empregados, a queda anual foi de 24,7% (73,8 pontos em agosto, ante 98 pontos em agosto do ano passado). Na comparação mensal, a queda foi de 4,6%. Para a Entidade, a tendência é de que essa confiança permaneça baixa para ambos os portes.

O ICEC contempla as percepções do setor em relação ao seu segmento, à sua empresa e à economia do país. Foram entrevistas com 600 empresários na cidade de São Paulo.

(Por O Negócio do Varejo) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM