Diante da crise econômica, os brasileiros estão alterando seu consumo e seu planejamento financeiro: 57% afirmam já ter mudado hábitos e outros 21% pretendem mudá-los.

Os dados foram obtidos por pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que ouviu 2.002 pessoas, em 141 municípios, entre os dias 18 e 21 de junho.

Para 86% dos entrevistados, o Brasil está vivendo uma crise econômica e 66% consideram a situação ruim ou péssima. Um dos principais problemas é o aumento da inflação, 59% disseram ter perdido poder de compra nos últimos 12 meses.

O estudo aponta, ainda, que 90% das pessoas passaram a pesquisar mais os preços antes das compras, 77% mudaram os locais de consumo, 72% trocaram produtos por similares mais baratos, 63% adiaram a compra de produtos de bens de maior valor e 74% reduziram as despesas de casa porque o dinheiro estava mais curto.

“A crise atual atinge toda a economia e vem afetando o emprego e a renda da população bem mais significativamente. Tanto o investimento quanto o consumo das famílias estão diminuindo. Além disso, a crise política, que não existia na crise anterior, tem aumentado a incerteza com relação à recuperação”, afirma o gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.

Outra preocupação entre os entrevistados é o desemprego: 76% estão preocupados ou muito preocupados em ficar sem emprego ou ter que fechar o negócio nos próximos 12 meses.

Imposto de Renda

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, atacou hoje a possibilidade estudada pelo governo de aumentar a arrecadação tributária por meio do Imposto de Renda de pessoas físicas.

“Não dá mais para aumentar imposto. Os serviços públicos são de péssima qualidade. Quando o ministro [da Fazenda, Joaquim Levy] diz que no Brasil a carga tributaria é próxima à de alguns países da Europa ou da América do Norte, é verdade. Mas, por outro lado, a prestação de serviços públicos é de pior qualidade [no Brasil] e a gente tem que suprir uma série de lacunas que o próprio governo [federal] e os governos dos Estados não são capazes de propiciar à sociedade”, afirmou.

As declarações foram feitas em seminário em Brasília que discute o ajuste fiscal e a segurança jurídica do país.

Segundo Andrade, o Brasil precisa de reformas estruturais para não procurar receitas extraordinárias “a cada ano”. “Essa questão fiscal é fundamental para que possamos ter no futuro uma condição de governabilidade. Se não tivermos condições de governar, de eleger cidadão com condições de implantar políticas para melhorar a segurança do Estado, investir em infraestrutura e no preparo do funcionário público, teremos que a cada ano procurar receitas extraordinárias para suprir essa ou aquela deficiência do nosso sistema”, afirmou.

Renato Merolli, presidente da Confederação Nacional da Saúde (CNS), também criticou a afirmação feita por Levy ontem de que o país tem alíquotas de Imposto de Renda próximas às dos países desenvolvidos. Segundo ele, a declaração do ministro não leva em conta os demais impostos. “Se você somar toda a tributação do país, a nossa está entre as dez maiores do mundo. Estamos sufocados com o aumento de impostos”, afirmou Merolli.

(Por O Negócio do Varejo) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM, Consumo