grupo varejista chileno Cencosud demitiu funcionários no País para tentar reduzir as despesas administrativas. O enxugamento também é conseqüência do resultado das vendas da subsidiária, em queda desde o ano passado. Os dados foram divulgados pela empresa em relatório de resultados publicado na sexta-­feira (29/5). Em março de 2015, a varejista somava 32,1 mil empregados no País, contra 34 mil no mesmo período de 2014. Há cerca de um ano e meio, no fim de 2013, eram 35 mil funcionários.

O corte de despesas cresce em importância neste momento porque a primeira linha do balanço mostra desaceleração. A receita líquida da Cencosud no País caiu 3,6% de janeiro a março, atingindo R$ 2,17 bilhões no período, o pior índice nos cinco países onde o grupo chileno atua ­– Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Peru. As vendas nas mesmas lojas (critério que compara as unidades em operação há mais de 12 meses) caíram 4,9% no período, ritmo inferior ao acumulado no ano de 2014, quando a retração foi de 0,6%. No mesmo intervalo de 2014, houve alta de 1,1%. O Brasil foi o único País com esse índice negativo de janeiro a março.

Com esse números, a companhia, dona de redes de supermercados regionais no País, registra o pior desempenho entre as líderes do segmento no Brasil: ­Carrefour, GPA e Walmart. O grupo é o quarto maior no varejo alimentar brasileiro, com 221 lojas, e controla as redes G.Barbosa, Mercantil Rodrigues, Prezunic, Bretas e Perini.

O valor do tíquete médio nas lojas teve redução de 3,8%,­ retração que acontece sobre uma queda de 9,3% no mesmo período de 2014. O ritmo de retração, contudo, melhorou em relação ao fim do ano passado, quando o grupo fechou 2014 com tíquete caindo 7,9%. A carteira de crédito da empresa no País fechou o primeiro trimestre em R$ 498,6 milhões, redução de 1,2% ante R$ 504,7 milhões no mesmo intervalo de 2014. A respeito dos resultados operacionais, o grupo informou que na área de supermercados no Brasil, a margem bruta aumentou 2,2 pontos (não informou a taxa) “por causa das melhores negociações com fornecedores”. Também atribuiu a alta a “uma estratégia de preços mais adequada à inflação do País”.

Nesse contexto, a empresa também citou menores despesas administrativas “após reduções de pessoal” no Brasil. A diminuição no quadro de funcionários ocorreu mesmo com saldo positivo de abertura de lojas. De janeiro a março, o grupo abriu duas lojas e fechou uma no País. No relatório, a companhia cita diversas variáveis econômicas para, em parte, justificar os fracos números de vendas “mesmas lojas”, como a declinante confiança do consumidor, inflação alta e aumento do desemprego.

Apesar desse cenário econômico que afeta consumo, a Cencosud tem tido dificuldades de registrar bons números há vários trimestres, mesmo antes da piora no quadro econômico. No último trimestre de 2013, por exemplo, ano em que varejo ainda crescia de forma mais forte, a empresa registrou tímida alta de 0,4% nas vendas.

Para analistas, a empresa ainda tem dificuldades em fazer a “virada” nos resultados de algumas redes, após a compra de alguns ativos com desempenho fraco. Teria havido problemas na operação neste ano, com algumas lojas enfrentando ruptura nas gôndolas, falta de produtos nas lojas, e níveis de estoque acima da média do mercado. Em 2013, a companhia iniciou um processo de integração dos negócios comprados, na tentativa de criar uma estrutura única e obter ganhos de sinergia que possam melhorar resultados.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM