O atacado de autosserviço, também conhecido como atacarejo, que vende grandes volumes de itens de alimentação e de higiene e limpeza tanto para consumidor final quanto para restaurantes, pequenos supermercados, escolas e escritórios, cresce num ritmo que é o dobro do registrado pelos hipermercados e supermercados.

No ano passado, as 267 lojas de atacarejo espalhadas pelo País venderam R$ 31 bilhões, com expansão de 24% em relação ao ano anterior, segundo dados do ranking da revista Supermercado Moderno, elaborados pela consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza.

No mesmo período, o faturamento dos hipermercados aumentou 10,2% e somou R$ 61 bilhões em 2013, enquanto os supermercados, com vendas de R$ 207 bilhões, cresceram 12,5%.

O avanço do atacarejo em relação a outros formatos de lojas continuou neste ano. De janeiro a julho, a frequência de compras dos consumidores nas lojas de atacarejo aumentou 9% em relação ao mesmo período de 2013, enquanto houve um recuo de 1% nos hipermercados e crescimento de apenas 3% nos supermercados, segundo o presidente do Atacadista Roldão, Ricardo Roldão.

Para ele, um número crescente de consumidores está recorrendo ao atacarejo porque esse canal de vendas é mais competitivo em 69% dos itens. “O atacado de autosserviço deve superar, no máximo até 2016, as vendas dos hipermercados”, prevê.

Ascensão

O consultor Marcos Gouvêa de Souza, sócio da GS&MD, diz que o formato de loja de atacarejo não atingiu a maturidade e acredita que o faturamento do segmento vai continuar em ascensão.

Para o consultor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, Eugênio Foganholo, o atacarejo está assumindo o papel desempenhado pelos hipermercados no passado, em períodos de inflação alta. Nessa época, os consumidores frequentavam esse tipo de loja em busca de preços mais baixos.

Ocorre que nos últimos anos o atacarejo caiu no gosto do consumidor porque consegue vender com preços mais competitivos em comparação aos hipermercados por causa dos grandes volumes de mercadorias negociadas e pelo fato de ter custos mais baixos do que os hipermercados.

Nas contas do consultor da Mixxer, a despesa operacional das lojas de atacarejo, que não oferecem praticamente nenhum serviço, como sacolas e empacotadores, por exemplo, é de 14% do custo dos produtos.

Nos hipermercados, no entanto, sobe para 17% e, nos supermercados, chega a 20%.

Outro ponto que remete o atacarejo de hoje ao hipermercado dos anos 1980 é que, naquela época, o hipermercado conseguia ter preços competitivos por causa da engenharia financeira desse modelo de loja.

Na época, os hipermercados vendiam praticamente tudo à vista e pagavam os fornecedores a prazo.

Mas, com a aceitação do cheque pré-datado, que depois caiu em desuso, e do avanço do cartão de crédito como forma de pagamento, essa vantagem financeira desapareceu para os hipermercados.

Agora, o atacarejo reproduz esse velho modelo usado pelo hipermercado. “Nossa venda praticamente é toda à vista: o prazo médio de recebimento é a metade do prazo médio de pagamento”, diz Roldão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

(Por Exame) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM