Com tecnologia, empresas brasileiras podem alavancar seu negócio, desenvolver o comércio eletrônico e até exportar seus produtos. É o que acredita Alex Tsai, diretor de marketing e desenvolvimento de negócios para a América Latina do Alibaba.com, o braço do grupo para pequenas e médias empresas.

Os empreendedores brasileiros estão a apenas um passo do sucesso do grupo chinês, acredita ele. Em 1999, o Alibaba surgiu no apartamento de Jack Ma, em Hangzhou, na China, para aproximar fornecedores de clientes. Nos últimos 15 anos, a startup se transformou no maior comércio eletrônico do mundo.

Para ele, o Brasil tem todas as condições de criar o próximo Jack Ma. “O país está se encaminhando a outro nível. Tenho um sentimento de que há o potencial de surgir um novo Jack Ma no Brasil”, disse Tsai.

Alex Tsai está no Brasil para promover o evento Alibaba Business Circle, que acontecerá pela primeira vez no Brasil, no dia 4 de dezembro. O evento, gratuito, será uma oportunidade para pequenas e médias empresas discutirem desafios e oportunidades do comércio eletrônico.

Em entrevista a Exame.com, Tsai falou das oportunidades e desafios para empresas brasileiras que querem deslanchar no comércio brasileiro. Confira os principais trechos do bate-papo abaixo.

EXAME.com: A oferta pública inicial de ações do Alibaba foi considerada a maior do mundo. Quais são as principais diferenças em ter uma ter uma companhia aberta?

Alex Tsai : Com a companhia se tornando pública, os objetivos e planos da empresa ganham destaque, além de globalizar o Alibaba. O IPO ampliou nosso alcance e mostrou como podemos ajudar ainda mais as pequenas e médias empresas pelo mundo.

Para mim, com o Alibaba.com, que é B2B, o IPO é realmente sobre levar adiante o serviço que oferecemos.

EXAME.com: O AliExpress é líder em unidades vendidas no Brasil, com 11 milhões de pedidos entre julho e setembro. Como o grupo se tornou um player tão forte no país?

Tsai: Estamos muito felizes que crescemos organicamente em termos a reconhecimento da nossa marca. O AliExpress é muito popular por aqui.

Focando em B2B, que é o negócio do Alibaba.com, temos companhias brasileiras que se uniram à plataforma desde o seu início. Faz 15 anos que fazemos isso, ajudamos os pequenos negócios a comercializar internacionalmente.

Nosso foco de investimentos no Brasil, assim como nos países do BRIC, é buscar o potencial e o valor do país. Especialmente para o empreendedorismo, que é uma parte tão importante da economia.

EXAME.com: Como pretendem expandir a atuação no Brasil? Planejam abrir um escritório ou centro de distribuição?

Tsai: Nos últimos anos, começamos a investir e a focar no Brasil. Sobre abrir um escritório, é algo que estamos constantemente avaliando. Mas o que eu posso dizer é que, por agora, estamos contratando muitos brasileiros para trabalhar na nossa sede, em Hangzhou, na China, para nos ajudar com o conteúdo e conhecimento local.

Abrir um escritório depende do momento certo, da situação certa. É definitivamente algo que a companhia está considerando.

EXAME.com: Existe alguma diferença no Brasil em relação a outros países?

Tsai: O Brasil é um país que está crescendo muito, em termos de penetração interna. Isso é outro motivo pelo qual estamos focando no Brasil, porque o acesso às regiões centrais do país está crescendo tão rápido.

Acho que o Brasil é um dos primeiros países em termos de tempo gasto on-line, principalmente em redes sociais. Isso significa que pessoas estão interessadas, estão engajadas com usar tecnologia na rede. O público também tem prática em passar tempo on-line.

Em comparação com outros países da América, o Brasil tem a infraestrutura, acesso interno para a maioria do público. Existem formas de acessar todos os cantos.

Exame.com: Como as empresas podem aprender com o exemplo do Alibaba, que começou como uma startup no apartamento do Jack Ma e agora é uma das maiores empresas do mundo?

Tsai: O que podemos aprender com a história pessoal do nosso fundador Jack Ma, que é tão inspiradora para nós e outras empresas pelo mundo, é que onde há vontade há um jeito. Ele é um visionário, que foi capaz de alavancar o negócio.

Exame.com: Você acha que existem outros Jack Ma?

Tsai: Foi só um acaso o Jack Ma ter nascido na China. Pode existir outro Jack Ma no Brasil, que pode fazer a mesma coisa. Com a tecnologia, qualquer coisa é possível. Nesse momento há tantos interesses, ações em relação ao empreendedorismo no Brasil, que podem ser alavancados com a tecnologia.

O país está se encaminhando a outro nível. Tenho um sentimento de que há o potencial de surgir um novo Jack Ma no Brasil.

Exame.com: Quais os desafios para as empresas brasileiras se tornarem globais?

Tsai: O que eu observei pessoalmente foi que existem dificuldades em comum que as PMEs enfrentam. Um desafio é a falta de conhecimento sobre o mercado estrangeiro, sobre como lidar com os fornecedores nos Estados Unidos, ou na China, ou em qualquer lugar pelo mundo, daqui do Brasil.

Ter acesso a esses dados da forma tradicional pode ser desafiador. O que o Alibaba.com tem é um meio de compartilhamento de muitos dados sobre quais são as dicas para começar um negócio e como vender internacionalmente.

Por fim, outro problema é a falta de confiança. Falta segurança para fechar um negócio com um parceiro que você não conhece, que está do outro lado do mundo. Negócios são construídos à base de confiança.

EXAME.com: Como o Alibaba pode ajudar?

Tsai: Temos muitos serviços para facilitar e ajudar pequenas empresas a construírem confiança. Oferecemos uma inspeção de empresas, por exemplo. Quando uma empresa do Brasil busca um fornecedor na China, a plataforma Alibaba.com pode contratar um inspetor para ir até a Ásia e certificar que o produto é produzido da forma como é descrito.

(Por Exame) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM