A empresa acelerou a entrada em novos mercados com o seu site Cdiscount poucos meses antes da abertura de capital nos Estados Unidos da empresa Cnova – que reúne a operação de comércio eletrônico do Grupo Pão de Açúcar e de seu controlador Casino.

Ontem (23/10), a Cdiscount começou a operar no Brasil com foco no formato de outlet de produtos e também vai explorar o segmento de shopping virtual (“market place”) – o mesmo em que o Alibaba atua e cresce, de forma acelerada, no Brasil e no mundo.

Apenas nos últimos cinco meses, a Cdiscount passou a atuar com venda online em cinco países – entrou na Bélgica, Equador, Costa do Marfim, Senegal e Brasil. Entre eles, Senegal, Costa do Marfim e Bélgica são países de língua francesa. Nos primeiros meses do ano, quando já era estudado o plano de levar a Cnova à Nasdaq (bolsa americana de empresas de tecnologia e internet), o Casino decidiu expandir a Cdiscount para Tailândia, Vietnã e Colômbia, regiões onde o grupo operava no varejo.

Desde 1998 até fim de 2013, o site estava apenas na França, país sede do Casino. A Cnova, em período de silêncio por causa da abertura de capital, não tem entrado em detalhes sobre a sua estratégia de atuação.

Em sua maioria, as novas regiões de atuação reúnem mercados pouco expressivos na área de comércio eletrônico, mas dessa forma, na avaliação de especialistas, o Casino tenta fazer com que o seu negócio de venda online ganhe peso para chegar ao mercado de capitais com expressão global um pouco maior. Em junho, a Cnova protocolou na Securities and Exchange Commission (SEC) o registro de oferta pública da empresa, que pode movimentar, segundo corretoras estrangeiras, de US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão.

“Não são novos países que trazem tanto crescimento em receita, mas que aumentam a carteira em termos de presença geográfica para a marca. Além disso, eles fortalecem o negócio de shopping virtual, segmento operado pelo Alibaba e que conseguiu um estrondoso sucesso em termos de IPO [oferta pública inicial de ações] “, disse Roberto Wajnsztok, co-foundador da consultoria OriginV.

A presença da Cdiscount pode crescer, mas no curto prazo, soma considerável da receita líquida da Cnova deve continuar a vir de França e Brasil. De janeiro a setembro, a Cnova apurou € 2,37 bilhões em vendas líquidas, versus € 1,98 bilhão no mesmo período de 2013, alta de 20%, segundo documentos da empresa arquivados na Nasdaq. O prejuízo operacional passou de € 3,7 milhões para € 13,8 milhões. O prejuízo por ação, de € 0,09 para € 0,13.

Questionada sobre os riscos de “canibalização” da Cdiscount com outros sites do grupo, a empresa descarta essa possibilidade. A Cnova engloba operações com apelo maior em preço, como CasasBahia.com.br, e também o Barateiro.com.br, que comercializa produtos com pequenas avarias. Operações sem foco muito claros podem levar o cliente a apenas migrar de ponto de venda, trocando uma loja por outra.

“Cada site [da Cnova] tem um nicho específico e com o Cdiscount ocupamos um espaço que não explorávamos ainda”, disse Vicente Rezende, diretor-executivo de marketing da Cnova. “Não há disputa interna, o que eu quero é orientar o consumidor para ir para o site que necessita naquele momento, e para isso precisamos ter todas as opções possíveis”.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM