pós quatro meses de negociações, o empresário Carlos Wizard Martins adquiriu 100% da Mundo Verde, rede com 335 lojas franqueadas de produtos naturais e orgânicos no Brasil e outras duas em Portugal. A Mundo Verde pertencia desde 2009 ao fundo de private equity Axxon, que detinha uma fatia majoritária, e a outros quatro executivos da própria varejista.

Capitalizado com os recursos da venda do Grupo Multi para a britânica Pearson em dezembro, quando recebeu R$ 1,3 bilhão, Martins disputou o ativo com fundos de private equity estrangeiros que há dois anos faziam propostas pela Mundo Verde. “O varejo de alimentação cresce cerca de 5%. Já no setor de alimentação saudável o crescimento é de 10%, diz Martins, sem revelar o valor da transação.

“É um negócio estratégico para Martins porque ele queria voltar para o setor de franquia e a alimentação saudável é uma tendência. Além disso, após a entrada do fundo, a empresa foi toda organizada e profissionalizada”, afirmou Sérgio Bocayuva, presidente e um dos ex-acionistas da Mundo Verde.

Em 2013, as lojas da Mundo Verde tiveram um faturamento de R$ 321 milhões e a previsão é de um aumento de 36% neste ano. A franqueadora, cuja receita é proveniente de royalties e outras taxas, deve encerrar o ano com receita de R$ 20 milhões e um lucro operacional de R$ 9,3 milhões, o que representa uma alta de 43%.

A meta de Martins é chegar em 2018 com uma rede de 650 franquias e faturamento total de R$ 1 bilhão. Uma das praças prioritárias para a expansão será o interior de São Paulo.

A Mundo Verde também prevê um aumento de receita a partir do próximo ano com a implementação de um projeto de centralização de compras de produtos. Atualmente, as compras são realizadas por empresas de logística terceirizadas, que absorvem margens, e alguns casos o próprio franqueado adquire seus produtos reduzindo os ganhos de escala. A estimativa é que já no primeiro ano de adoção deste novo modelo haverá um incremento de R$ 140 milhões no faturamento, com potencial para chegar a R$ 220 milhões, por ano.

“A distribuição e o estoque continuam sendo feitos por empresas de logística. Mas as compras serão centralizadas pela Mundo Verde. Com isso, será possível reduzir de 60 mil para 12 mil itens comercializados nas lojas. Hoje, 4,7 mil produtos respondem por 75% das vendas”, explica Bocayuva, que deve deixar a presidência no início de setembro, assim que a transação receber aval do Conselho de Administração de Defesa Econômica (Cade).

Bocayuva adquiriu uma participação da Mundo Verde em 2009, quando era o assessor, pelo banco Modal, da transação entre os fundadores da rede e o fundo Axxon. A presidência do conselho da empresa será ocupado por Martins e seu filho Charles será o CEO.

A Mundo Verde foi criada em Petrópolis (RJ), em 1987, pelos irmãos Jorge Antunes e Isabel Antunes Joffe. Há cinco anos, quando foi vendida para a Axxon, a rede tinha 126 unidades. No Rio de Janeiro, cerca de 25 lojas têm também uma lanchonete que vende salgados, lanches e bebidas naturais. Nas lanchonestes, o tíquete médio é de R$ 14. Na lojas, o valor médio das compras é de R$ 86.

(Por Valor Econômico) valor, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM