Empresas varejistas de grande porte enxergam na região um celeiro de oportunidades e investem na abertura de novos pontos de vendas. A Raia Drogasil, por exemplo, escolheu a Bahia como porta de entrada já em 2012. A experiência deu tantos frutos que a meta da companhia é, dentro de dois a três anos, ultrapassar a marca de 100 lojas em toda a região. O Magazine Luiza também aposta no crescimento do Nordeste: das 40 unidades previstas para ser inauguradas em 2014, a maioria será erguida naquela região.

Movido pelo crescimento da população e da renda em ritmo acima da média do país, o Nordeste também caminha para ultrapassar o Sul do Brasil em shopping-centers, transformando-se no segundo maior mercado regional de centros de vendas do país, atrás apenas do Sudeste.

A explicação para tanto entusiasmo é simples. Na última década, entre 2003 e 2013, o Nordeste cresceu mais do que a média nacional, com avanço de 4,1% ao ano, enquanto o país ficou na marca de 3,3%. Números divulgados pelo Banco Central (BC) apontam que a economia da região “teve um bom desempenho no início deste ano” e responde por 13,8% da economia nacional. As perspectivas para 2014 deverão ser favorecidas pela recuperação da agropecuária, setor que teve desempenho negativo nos últimos dois anos por conta da seca, mas que volta a ganhar vigor.

O varejo segue na esteira do crescimento. “O Nordeste continua atraindo as grandes redes varejistas do país e aquelas que já se instalaram aqui estão em processo de expansão. O número de shoppings cresce assustadoramente. Não é por acaso que Pernambuco tem previsão de até 2016 atingir onze shoppings”, afirma Pedro Valente, gestor do Portal Varejo Nordeste e consultor da área varejista nordestina.

“Em quatro anos o Nordeste vai ultrapassar ou pelo menos empatar com o Sul, em número de shoppings”, prevê Luiz Fernando Veiga, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Os números da entidade consideram somente empreendimentos com administração centralizada, lojas locadas, ABL mínima de 5 mil metros quadrados e estacionamento. Entre agosto deste ano e outubro de 2015 serão abertos mais uma dezena de shopping-centers em todo o Nordeste, dos quais três no Ceará.

Segundo a Abrasce, o Nordeste já tem 2,1% a mais de área bruta locável (ABL) do que o Sul, com 1,74 milhão de metros quadrados, mas ainda perde em número de empreendimentos em operação, com 62 contra 83, e em receita.

A pujança da economia levou a Raia Drogasil, maior varejista de farmácias do país, a fincar pé no Nordeste ao abrir sua primeira loja, em Salvador, em 2012. Hoje a companhia já conta com 16 unidades instaladas entre Salvador e Feira de Santana. “Nosso plano de expansão é bem claro. A marca Raia cresce para o Sul e a Drogasil para o Nordeste”, explica Marcílio Pousada, presidente da Raia Drogasil.

A decisão foi acertada. “Em maio inauguramos duas lojas em Recife (PE) e outras seis serão abertas entre Maceió (AL) e Aracaju (SE)”, acrescenta o executivo.

Pelos seus cálculos, a empresa deve encerrar o ano com 25 a 30 novos pontos de vendas no Nordeste. Os planos não param por aí. “Dentro de dois a três anos, a meta é ultrapassar 100 unidades na região”, garante.

Os investimentos para a abertura de um ponto de venda oscilam entre R$ 800 mil a R$ 1,2 milhão. “Esse volume de recursos será o maior registrado pela Raia Drogasil, até hoje, em uma única região do Brasil, considerando que serão abertas até 30 lojas.”

O Magazine Luiza vai destinar parte dos R$ 146,1 milhões previstos para investimentos na abertura de 30 a 40 lojas, com ênfase no Nordeste. Segundo Marcelo Silva, diretor-superintendente da rede, a região responde hoje por 15% das vendas da rede.

A cidade de Barreiras, no oeste da Bahia, foi a primeira da região a receber uma mega loja Havan, uma das maiores redes de lojas de departamento do país. “A Havan deverá investir R$ 35 milhões na implantação de uma loja de 15 mil metros quadrados na Rodovia BR 242. A inauguração está prevista para o segundo semestre de 2014 e o novo empreendimento deverá gerar 200 novos empregos”, afirma Nilton Hang, diretor de expansão da Havan. A rede tem matriz em Brusque, Santa Catarina, um dos maiores polos têxteis do Brasil.

(Por Valor Econômico) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM