A rede Brasil Pharma informou nesta quinta-feira, em teleconferência com analistas, ter fechado 40 farmácias no ano passado, sendo 13 unidades apenas no quarto trimestre.

De acordo com o ex-presidente da companhia, André Sá – que acaba de ser substituído por José Ricardo Mendes da Silva -, a operação do Sul do país é a “mais desafiadora”.

“Nosso foco hoje é gerar caixa e estabilizar companhia”, disse Mendes da Silva. “Não estamos preocupados em capturar sinergias administrativas, mas capturar sinergias operacionais.”

Dificuldades

De acordo com o novo presidente, a Brasil Pharma – criada em 2009, após a aquisição da Farmais pelo BTG – não tem problemas financeiros, mas operacionais. São problemas de sistemas que geram os atrasos de pagamentos, segundo ele.

A empresa informou em relatório de resultados que houve congelamento de pagamentos a fornecedores no período de implantação do sistema SAP em algumas operações.

Na teleconferência, a empresa admitiu que cometeu erros no processo de implementação de mudanças na companhia, em fase de integração de negócios comprados, e isso levou a dificuldades operacionais. Essas dificuldades passam pelo aumento forte de estoques, o que acabou afetando rentabilidade do negócio no quarto trimestre.

Segundo a Brasil Pharma, iniciativas estão sendo tomadas, como dar descontos nas lojas para ampliar o volume vendido e reduzir o estoque, que chegaram a superar 100 dias, como antecipou o Valor em matéria nesta semana.

Debêntures

Quando lança debêntures, a empresa se compromete com os investidores a seguir alguns “covenants” – ou seja, assume o compromisso de atingir certos indicadores financeiros, costumeiramente atrelados a índices de endividamento.

Desde o terceiro trimestre do ano passado, a Brasil Pharma começou a mostrar sinais de que poderia descumprir os “covenants”, apurou o Valor. Normalmente, os investidores podem, numa situação como essa, pedir o resgate antecipado dos papéis.

Para não “bater os covenants” – ou não deixar de atender as cláusulas combinadas com os investidores -, a empresa optou por descontar antecipadamente recebíveis em poder dos bancos. As empresas com receitas decorrentes de vendas a prazo repassam esses recebíveis aos bancos e podem pedir para receber os recursos de uma vez, em vez de mensalmente.

Importante ressaltar que investidores podem pedir antecipação de resgates das debenturês apenas se a empresa descumprir cláusulas por dois trimestres seguidos ou três trimestres intercalados.

Mendes da Silva disse que, com o descumprimento de cláusula restritiva dos acordos com debenturistas no quarto trimestre, o foco neste momento é equacionar a estrutura de capital.

“Tivemos duas reuniões do conselho de administração sobre isso e ainda não tomamos uma decisão sobre o que será feito nesse sentido, mas deveremos informar o mercado nos próximos dias”, disse ele.

Questionado pelos analistas sobre a hipótese de um aumento de capital nas próximas semanas, Silva não descartou a hipótese, mas evitou detalhar quais as opções que estão hoje na mesa.

 

[Fonte: Valor]Varejo, Núcleo de Estudos do Varejo, Núcleo de Estudos e Negócios , Retail Lab