Para além das questões tributárias e de captação de recursos, um estudo da Fundação Dom Cabral aponta que, pelo menos para as startups, o fator número um de dificuldade de crescimento é acesso ao mercado. Startup é como se convencionou denominar as empresas enxutas e, muitas vezes, ligadas à tecnologia. De acordo com o professor da instituição Carlos Arruda, uma análise prévia da pesquisa apontou que as empresas nascentes têm soluções que em certos momentos não estão adaptadas às necessidades ou ao interesse de compra do mercado. Ou pode até haver necessidade, mas o mercado não estaria disposto a comprar aquele serviço ou produto da forma que ele é ofertado.

Quando a pergunta é feita diretamente para o empreendedor porque a empresa não está conseguindo sobreviver, a resposta, em geral, é falta de recursos. “Na nossa análise, isso é uma consequência de uma condição anterior. Não é a causa da morte. Como a empresa não consegue faturar, atrair clientes, falta dinheiro e ela não consegue se sustentar”, afirma.

O professor pontua que diferentemente de uma empresa já estabelecida, uma startup não tem uma estrutura empresarial muito consolidada onde fatores como carga tributária complexa tem um impacto grande. Aqui, o problema é imediato: relação com o mercado. E como é possível ajudar essas empresas? É preciso sensibilizar o empreendedor para entender o mercado por meio de um estudo, de uma análise de mercado, por meio de projetos-piloto e experimentações. “É importante fazer o desenvolvimento em operação e não em laboratório, e depois na operação”, pontua.

Outra forma é trazer para a empresa, na forma de colaborador ou conselheiro, pessoas que conheçam o mercado. “Muitas empresas buscam especialistas na solução, não em mercado.”

O empresário Flavio Estevam aprendeu a validar os negócios depois de um “soco no nariz”, como ele define.
Ele criou o site Inovar Presentes para a venda de experiências, como jantar e voo de balão. “Sou de Campo Grande. Montei um negócio bacana, mas no lugar errado. Gastei um ano e R$ 50 mil. Montei um negócio sem testar”, lamenta Estevam, que depois do revés afirma que não investe mais tempo e nem dinheiro em um outro empreendimento antes de saber se ele terá interessados.

“O empreendedor quer fazer. O instinto é esse, de fazer tudo perfeito. Mas pode ser feio, rápido, sem custo e se tiver um resultado positivo, vale investir para deixar tudo bonito”, diz.

Para criar seu principal negócio, o Namoro Fake , que aluga namorados virtuais falsos para interagir com usuários da rede social Facebook, Estevam colocou o site no ar, percebeu o interesse e resolveu investir. Em um ano, foram mais 15 mil contratações de 21 países. Além do Brasil, o Namoro Fake está presente em Portugal, Canadá e Estados Unidos, com planos de aproveitar o mercado chinês.

 

[Fonte: PME.estadão]

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