A estreia da varejista americana de vestuário Forever 21 no Brasil, com a abertura da sua loja no sábado no Morumbi Shopping, oferecendo preços baixos semelhantes aos praticados pela rede no exterior, pode ser potencialmente negativa para as companhias brasileiras de vestuário no médio a longo prazo, segundo analistas do Itaú BBA.

Para os especialistas, não se trata de apenas outra varejista de vestuário estrangeira no Brasil. “Reconhecemos que muitas varejistas estrangeiras tentaram estabelecer uma presença de dimensão considerável no Brasil e não conseguiram alcançar seus objetivos. […] Todavia, acreditamos que os preços notavelmente baixos da Forever 21 e sua interessante proposição de valor podem sobrepujar essas barreiras e ameaçar as redes de vestuário dominantes em alguns pontos geograficamente importantes no médio a longo prazo – uma vez que será necessário algum tempo para que a Forever 21 aumente sua capilaridade”.

Cerca de 500 pessoas fizeram fila para entrar na fast fashion americana Forever 21 no domingo. No sábado, a loja levou quase 3 mil pessoas ao Morumbi Shopping.

Segundo a assessoria do shopping, o volume de vendas registradas no sábado e na quinta-feira – quando 1,5 mil convidados puderam fazer compras e conhecer a nova loja – foi o dobro do previsto.

O movimento maior do que o esperado não afeta os estoques, que estão reforçados e são repostos diariamente.

No domingo, a Forever 21 abriu às 10h, enquanto o restante das lojas do shopping começou a funcionar às 14h. Ontem, o movimento foi intenso com filas até a noite mas, segundo a assessoria, menor do que no sábado.

A marca pretende inaugurar outras seis lojas no país até o ano que vem. Uma unidade da Forever 21 será aberta no VillageMall, no Rio, no dia 22. Há previsão de abertura de mais uma loja em São Paulo, sem data definida, além de Ribeirão Preto, Porto Alegre e Brasília.

Estrangeiras

Entre as estrangeiras que não conseguiram se expandir como o planejado no Brasil está a espanhola Zara, que chegou ao país em 1999 com a meta de abrir 50 lojas em três anos e ainda não conseguiu atingir essa marca.

“Existem obstáculos e barreiras de entrada consideráveis no mercado brasileiro de vestuário, incluindo impostos elevados (tarifa de importação de 35%), gargalos na cadeia de fornecedores e burocracia, entre outros”, afirmam os analistas do Itaú.

Para eles, a estratégia de entrada da Forever 21 é mais agressiva e visa um nicho de mercado com preços extremamente acessíveis e elevado conteúdo de moda. Essa “proposição de valor deve ser revelar, em certa medida, inédita e altamente atrativa para os consumidores brasileiros”.

Caso a Forever 21 seja bem-sucedida e o seu modelo de negócios se torne sustentável, o Itaú BBA vê um impacto negativo no médio a longo prazo para as varejistas de vestuário listadas, como a Renner, Guararapes (Riachuelo), Marisa e Hering. O efeito seria ligeiramente menor para a Renner (devido aos níveis de preços comparativamente mais baixos ) e para a Hering (em vista do foco maior da Forever 21 em moda).

Diferentemente de outras varejistas que entraram recentemente no país, como Gap e Topshop, a Forever 21 indicou que seus preços no Brasil estarão, em reais, mais próximos de seus preços praticados no exterior. Segundo levantamento do Itaú BBA, a rede tem os menores preços em diversas categorias.

A sustentabilidade do modelo de negócios da Forever 21, no entanto, vai depender da escala que a companhia adquirir no futuro, o que pode levar a uma terceirização local da produção, promovendo uma diluição das despesas. O banco questiona se a operação pode ser lucrativa sem aumento de escala.

[Fonte: Valor]

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