Na última década, o consumo das famílias brasileiras e os investimentos avançaram mais rápido do que a produção nacional de riqueza. Entre 2003 e 2013, o PIB cresceu, em média, 3,5% ao ano, enquanto o investimento subiu 6,1% e a demanda, 4,1%. Depois de anos equilibrando o que parece um paradoxo entre consumir mais do que produz, a economia do País precisa passar por um rebalanceamento, que, segundo alguns economistas, pode ter começado em 2013.

O crescimento de 2,3% do consumo das famílias no ano passado foi o menor desde 2003 e ficou estável em 62,5% do PIB pela ótica da demanda, o que reforçou a avaliação de que o modelo de crescimento baseado na expansão do consumo chegou ao esgotamento. Nos próximos anos, os investimentos e as exportações precisarão ganhar peso e, ao mesmo tempo, a absorção doméstica terá que crescer mais em linha com o PIB, o que é considerado um desafio.

Juan Jensen, sócio da Tendências Consultoria, afirma que foi possível aumentar o consumo em ritmo mais rápido do que o PIB por dois motivos principais. De um lado, o Brasil ficou mais “rico” neste período, já que os termos de troca subiram por causa da valorização das exportações brasileiras, especialmente das commodities, enquanto as importações ficaram mais baratas, relativamente. Ao mesmo tempo, o Brasil também financiou o aumento do consumo com poupança externa, o que levou o saldo em conta corrente, que era positivo há uma década, a encerrar 2013 com déficit de 3,7% do PIB.

“Olhando para frente, não teremos um novo efeito China e os termos de troca, na melhor das hipóteses, ficarão estáveis “, afirma Jensen.

 

[Fonte: SM]

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